terça-feira, 13 de outubro de 2009

MESMICES








A visão dos produtores de cinema sobre o público que assiste aos filmes,

é puramente comercial. Dizer “bastante rasteira” é esquecer que temos um sistema econômico com suas peças e engrenagem para remarcar produtos e produzir esquemas que seduzem o consumidor. Assim, investem nas produções cinematográficas que favorecem o acúmulo de recursos como os que garantem uma bilheteria excepcional, geralmente filmes que não o obrigam a pensar, que na primeira seqüência já dizem de que se trata, como o argumento se desenvolve, e como termina.
Os norte-americanos chamam “the same old thing”. E por incrível que pareça usam a frase como marketing.
Esta semana assisti em DVD três filmes desse tipo: “Bebê a Bordo”(Baby on Board/EUA,2008), “17 Outra Vez”(17 Agains/EUA,2009) e “Evocando Espíritos”(The Haunting in Connecticut/EUA 2009). O primeiro é uma comédia romântica. A heroína é uma funcionária da indústria de cosméticos e procura evitar uma gravidez da mesma forma que o marido, um advogado esperto, não relaxa o uso de camisinha. Acontece que o planejado se desfaz, trazendo conseqüências desastrosas à jovem que está numa carreira ascendente na empresa onde trabalha. Do outro lado, o marido especializado em divórcios e conseqüentes perdas às mulheres, desobrigando aos cônjuges a devida pensão, é assediado publicamente por uma cliente, com o fato sendo visto pela esposa como infidelidade dele. Não é preciso apostar para saber que tudo vai ser esclarecido antes do nascimento do bebê. As personagens coadjuvantes também resolvem seus problemas no mesmo tom do par principal. O diretor é Brian Herzinger, o roteiro é de Russel Scalise e Michael Hamilton Wright e no elenco estão Hather Graham e Jerry O’Connel, ele conhecido como o detetive Woody Hoyt namorado de Jill Hennessy na série de TV “Crossing Jordan" (encerrada em 2007 ).
“17 Outra Vez” repisa a história do homem de meia idade que volta à juventude. Está na mesma linha do que Tom Hanks fez em “Quero Ser Grande”(Big); ou como Haley Mills em “O Grande Amor de Nossas Vidas”(The Parent Trap); ou “Vice Versa” onde Judge Reinhold troca de identidade física com o pai, Fred Savage; ou mesmo, com ligeira derivação, Gloria Pires com Tony Ramos nos dois “Se Eu Fosse Você”. O filme atual faz média com os jovens espectadores e tem encabeçando o elenco Zac Efron, ídolo juvenil do “High School Musical 3”. A velha fórmula da experiência ganha com a idade servir-se do passado (e um tempo de outro). Direção igualmente boba de Burr Steers de um roteiro de Jason Flardy.
“Evocando Espíritos” volta à “casa mal assombrada” da franquia Amity Ville. Os produtores dizem se basear num fato real acontecido no condado de Southington em 1970, com a família Snedeker, caso que desafiou os pesquisadores de paranormalidade pela não esclarecida presença de fantasmas. Mas o que interessa aos roteiristas Adam Simon e Tim Metcalfe é amedrontar o espectador sensível. Tarefa endossada pela direção de Peter Cornwell. Quem ainda se assusta em cinema pode tentar. A atriz Virginia Madsen bem que se esforça para justificar o que a sua personagem sente.
Esses filmes trazem as marcas do interesse de um público que gosta de seguir uma trilha já conhecida. O trato narrativo, por mais que confira os caminhos da linguagem do cinema (impossivel deixar de usá-las, como disse Adolfo Sanches Vasques) obedece ao incentivo que o enredo determina, favorecendo uma produção “digerível” que é a mais consumida, queiram ou não os estudiosos do cinema. A obediência é ao mercado e não à estética.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

A Era do Gelo 3
Intrigas de Estado
Tinha que Ser Você
O Segurança Fora de Controle
Duplicidade
17 Outra Vez
Anjos e Demônios
Watchmen - O Filme
O Mistério das Duas Irmãs




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