Tem inicio nesta terça, 05/06, no cinema Olympia, entre as comemorações do centenário da casa, um
programa de filmes musicais. Sabe-se que o gênero marcou época no mundo
inteiro. Foi, com o western, o grande propagador da cultura norte-americana.
Sim, pois a maioria dos cine-musicais eram produções de Hollywood. E da mostra
que ocupará duas semanas do Olympia só um filme não é de origem desse país: o
brasileiro “A Ópera do Malandro”, de Ruy Guerra, com a música de Chico Buarque
e o toque nacional no enredo.
O
primeiro filme do programa, a ser exibido hoje, é o documentário “Era Uma Vez em
Hollywood”(That’s Entertainment/EUA,1974), de Jack Haley Hr. Nada melhor do que
abrir a mostra com uma antologia do gênero. Lá estão os ídolos da coreografia
como Gene Kelly e Fred Astaire. Do canto, há desde as operetas com Jeanette Mac
Donald a cantoras populares como Jane Powell, Lena Horne, Judy Garland e a
luso-brasileira Carmen Miranda. No filme há sequencias de diversos clássicos da
MGM desde que essa empresa cinematográfica apresentou a sua estreia com o som. E
foi um sucesso tão grande no seu lançamento que deu margem a mais duas
sequencias: “Era Uma Vez em Hollywood 2 (1976) e 3” (1994).
Na
4ª feira (06/06) será a vez de “Meias de Seda”(Silk Stockins/1957), um filme de
minha predileção. Dirigido pelo veterano Ruben Mamoulian, ele reclamando o
enquadramento largo do cinemascope, refaz a trama de “Ninotchka”(1939), a
comédia que Greta Gargo imortalizou. Aqui o papel da agente soviética que vai a
Paris atrás de colegas que se desviaram das normas do governo e passaram a
desfrutar as delicias do mundo capitalista, está Cyd Charisse, uma das melhores
dançarinas do cinema, falecida aos 87 anos, em 2008. Cômico é ver Peter Lorre,
o “Vampiro de Dussedorf” de Fritz Lang, engendrando passos de dança à lá
soviets. Os números de Cyd e Astaire são exemplos da cinemagia do musical.
No
dia 07/06 há outro clássico de Fred Astaire: “O Picolinio”(Top Hat/1935). É o
exemplar mais antigo do grupo e o único em preto e branco. E foi o primeiro
grande sucesso desse intérprete. Com Ginger Rogers, seu par em muitos musicais
famosos, apresenta momentos inesquecíveis como “Cheek to Chek”, exemplar que Woody
Allen escolheu para ilustrar a cinemania da personagem de Mia Farrow em “A Rosa
Purpura do Cairo”(1985). O diretor Mark Sandrich faria mais filmes com o
bailarino, todos para a empresa RKO.
“Positivamente
Millie”(Through Modern Mille/1967) será exibido no dia 08/06, mostrando a
inovação estética. Satirizando a época da ação há Julie Andrews como a mocinha do interior que
vai tentar a sorte em Nova York e se expõe em uma aventura que envolve uma
quadrilha de esquestradores de moças. James Fox (“Vestígios do Dia”, “A
Fantástica Fábrica de Chocolate” etc), provando ser ator para qualquer gênero,
dança com Julie e Mary Tyler Moore. O enredo remete também à tensão das jovens
casadoiras em escolher seu príncipe encantado. O diretor George Roy Hill
(1921-2002), diretor de filmes de aventuras, como “Butch Cassidy and Sundance
Kid”(1969), só esteve esta vez no gênero.
E
dois clássicos autênticos encerrarão a semana: “Sinfonia de Paris”(Na American
in Paris/1951) e “Cantando na Chuva”(Singin’Rain/1952). O primeiro, vencedor do
Oscar e dirigido por Vincente Minnelli, enfoca um ex-militar que adora Paris.
Vive da pintura e conhece uma atendente (Leslie Caron) de uma loja de perfumes
com quem inicia um romance para tristeza de sua rica “protetora” vivida por
Nina Foch. As sequencias de dança enfatizam canções de Gershwin e o balé final,
com 17 minutos (combinando musica-tema e cenários impressionistas) é o grande
momento do filme.
“Cantando
na Chuva”, dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly é outro clássico do gênero. Trata
da chegada do cinema falado e de astros de sucesso, sem chance, devido à voz
esganiçada que têm. O jeito é a dublagem, o uso de pessoas de talento para
ficar nos bastidores e montar a cena como se fosse original. Viram o “O Artista”?
É isso mesmo.
Na
próxima semana mais seis filmes continuarão este festival de musicais.
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