terça-feira, 1 de outubro de 2013

EM DVD, MAIS INÉDITOS


Orlando Bloom em "Paixão Obsessiva". 
Nestes tempos de “vacas-magras” do tipo blockbuster no cinema comercial, os filmes em cópias em DVD ( e outras mais sofisticadas) se tornam a salvação do cinéfilo, digo, aquele que não só assiste tudo, como tem suas exigências estéticas e, também, mantém uma média de um filme/dia assistido (há, sim, esse tipo. Conheço ao menos dois nesse modelo). Dessa forma, meus textos das segundas feiras apela para essas indicações. Dai as referências de hoje.
Em “A Revolta do Amor” (L’Amour Braqué/ 1986) o cineasta polonês Andrzej Zulawski lembra o seu filme mais conhecido, “Possessão”(Possession, 1981) aplicando uma linguagem que um critico chamou de histérica para o comportamento de personagens que se conhece na primeira sequencia assaltando um banco e logo passa a ver um deles buscando sua amada que se insere no grupo de “loucos”. O filme não chegou a ser exibido nos cinemas ou cineclubes locais. Chega agora em DVD e merece ser conhecido.
Também só em DVD “De Coração Aberto” (À Coeur Ouverte, França, 2012) drama ambientado no meio médico onde Juliette Binoche protagoniza uma cirurgiã cardíaca trabalhando com o marido alcoólatra e quando este é demitido por não assumir seus compromissos ela engravida e se torna difícil manter o ritmo de atividades no hospital onde trabalha. O filme caminha para um final em aberto sem que isso represente um tempo achado. Mesmo assim a argumentação explora as relações entre um casal que supostamente se ama enfocando momentos de violência doméstica. É, também, um dos bons momentos da atriz, uma das mais solicitadas e inteligentes do cinema europeu atual. Direção de Marion Lane de uma novela de Mathia Énard.
Inédito também por aqui é “O Mistério da Passagem da Morte” (The Dyatlov Pass Incident, EUA, 2012) de Renny Harlin. Evidenciando o enredo, a técnica narrativa do falso documentário inaugurada com “A Bruxa de Blair” vê o que acontece a um grupo de estudiosos que procura a causa do acidente que vitimou uma exploração cientifica russa nos anos 50, nos Urais. A câmera registra a rotina das personagens e quando elas desaparecem o que se vê é o que gravaram e foi encontrado (tal como no caso de “A Bruxa...”).
A recorrência a esse tipo de narrativa vem fazendo-a reconhecida como sem imaginação. Não é isso o que demonstra este filme. O caso dos rapazes e moças que sobem a montanha gelada atrás de pistas de quem os precedeu não deixa de ser interessante. Mesmo porque eles não definem as causas dos fatos, mas alimentam o mistério.
E ainda no grupo de inéditos está “Paixão Obsessiva”(The Good Doctor, EUA, 2010) de Lance Daly. Candidato a 6 prêmios no Festival de Milão apresenta Orlando Bloom como um jovem médico que ao se sentir sem tanta experiência em comparação aos colegas veteranos aproveita o caso de uma jovem com problemas renais para não só administrá-lo como colocá-lo em exclusividade no tratamento iniciado, sem contar com complicações que chegariam e que estariam além de suas forças. A narrativa não procura elevar o padrão para um estudo do personagem, contentando-se em explorar o fato em linguagem linear. É o terceiro trabalho do diretor.
Inédito também é “Hoje” (Brasil, 2012) de Tata Amaral, filme que focaliza o período da ditadura (1964-85) com material de arquivo e participação de figuras conhecidas como Denise Fraga e César Trancoso. No roteiro exemplar está Jean-Claude Bernadet. O tema evidencia a historia de uma mulher que  o espectador vê chegar em uma casa vazia e aos poucos observa-se que ela está de mudança para esse espaço. Ela se acha viúva, pois, o marido teria desaparecido no período ditatorial. Quando consegue ser reconhecida dessa forma e adquirir sua casa uma visita inesperada acontece. O filme tem legendas em português como, aliás, deveria ser rotina nessa produção nacional considerando-se o péssimo som de alguns cinemas e vídeos. Denise Fraga está muito bem, com a narrativa tendente mais ao monólogo, embora a segunda personagem incite a nossa convicção de que representa o momento da catarse de um tempo infeliz que viveu. E o importante: nessa catarse há o momento da verdade. Um filme imprescindível para os estudiosos do golpe de 1964 no Brasil. Veja sem falta.


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