A atriz porto-riquenha Miriam Colon protagoniza a curandeira
A novela que se tornou best-seller do escritor
norteamericano Rodolfo Anaya, “Bless me, Ultima” (1972), baseou o filme “Abençoe-me, Ultima-A Curandeira”(Bless me,
Ultima, EUA, 2012) e em sua estreia norte-americana satisfez os leitores e os
espectadores mais exigentes. E não é fácil, por certo, captar a sensibilidade
do original que transparece no roteiro do filme.
Trata de uma benzedeira do interior do Novo México, no período
da 2ª Guerra Mundial, que é abrigada na casa de um pequeno fazendeiro e ganha a
amizade de um menino de 6 anos, Antonio, de quem fizera o parto, pois, também
assumia essa profissão na comunidade. A mulher é muito hábil no conhecimento de
plantas aplicando-as na medicina natural e em curas com remédios caseiros. Num
desses casos trata do filho de um vizinho da fazenda que está em coma desde que
circulou numa floresta conhecida por ser refugio de bruxas. O fato desperta polêmica
porque das três mulheres consideradas bruxas, filhas de um outro fazendeiro, duas
delas vem a falecer, sendo apontada como culpada a velha curandeira que quebrara
o feitiço responsável pelo adoecimento do rapaz. Por isso, o pai das moças jura
vingança contra a benzedeira, Ultima, e/aos membros da família que a abriga.
Narrado na terceira pessoa, o filme consegue retratar o
ambiente interiorano, ressaltando comportamentos de pessoas simples, sem
grandes estudos, presas a preceitos terapeuticos alternativos, e ainda focaliza
bem o papel da igreja local, chegando a um menino que se diz esquecido de Deus
porque morreram seus pais e um irmão, deixando-o só no mundo. E o tratamento do
pároco da igreja a ele é um libelo autoritário e discriminador.
“Ultima” não é só um relato no estilo fantástico peculiar às
produções de Waklt Disney: é um filme denso, sem arroubos melodramáticos, com
sequências e diálogos que ficam na memória do espectador (a exemplo, uma
conversa do pai com filho de 8 anos em que o primeiro exprime uma sentença de
sábio sobre como se deve enfrentar a vida, diferentemente do que o padre do
local estava impingindo ás crianças nas aulas de catecismo).
Um excelente filme que só nos alcança em DVD. O diretor é
Carl Franklin, mais conhecido como ator negro de filmes e séries de TV. A atriz
porto-riquenha Miriam Colon protagoniza a curandeira e brilha em uma
interpretação difícil. E o menino Luke Ganalon, convence plenamente como
Antonio. É ele quem conta a história. As filmagens em locação revelam a beleza
da zona rural onde se passa a historia.
Filme inédito em nossos cinemas.
“Se Eu Fosse Deputado”(Si yo fuera deputado, Mexico, 1952) é
o segundo filme interpretado pelo comediante mexicano Mario Moreno Cantinflas
que circula em DVD no Brasil. Esse ator protagoniza um barbeiro do interior do
Mexico que por ser amigo de um velho advogado e representar a paixão da filha
deste, aprende, em meio a sua ingenuidade de baixa escolaridade, alguns
preceitos jurídicos e consegue cativar a população pobre a ponto de ser lançado
como candidato ao cargo de deputado em confronto com um mafioso local.
O diretor Miguel M. Delgado foi um dos que mais trabalhou
com Cantinflas. Neste exemplar, as gags verbais, sempre o forte do comediante
(cantinflas quer dizer “embromador”), não prejudicam a comédia. E deixam bons
momentos hilários como quando o personagem investiga a infidelidade da esposa de
um comerciante local.
Um dos pontos altos do filme é quando o barbeiro, que é fã
de música, é guinado a reger uma orquestra na ocasião em que foge da policia. A
sequência é longa, mas bastante engraçada.
Cantinflas era muito popular no Brasil e seus filmes
alcançavam Belém. Na época, o cinema mexicano era dividido em filmes em que ele
atuava, ou seja, onde havia o cunho hilário, os melodramas com base em boleros
(um dos ritmos bastante popular nas camadas sociais) e nos dramas rurais
dirigidos por Emilio Fernandez (“El Indio”), com a aplicação da fotografia captada
por um mestre dessa arte: Gabriel Figueroa.
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