Elenco all star em uma caçada inédita
No fim da 2ª Guerra Mundial os líderes dos países aliados
se deram conta de que Hitler roubara tesouros artísticos dos países
conquistados para fornar o futuro Museu do III Reich ou presentear seus
generais de vultuosos ornatos em suas salas de estar.
Adolph Hitler era um pintor frustrado, segundo sua
história. Antes de se inscrever na carreira militar e como ditador tentou a
Academia de Artes e foi reprovado. Tinha ódio da arte moderna e prometia
vingança contra os que o desprezaram.
Devido a esses saques em museus, os
norte-americanos formaram uma brigada reunida em uma equipe de civis para penetrar
nos territórios onde teriam estado os alemães e retirar o material roubado de
onde estivesse.
O fato histórico gerou o livro de Robert M. Edsel e
o filme “Caçadores de Obras Primas”(The Monument Men, EUA, 2014) com roteiro de
Grant Heslov e de George Clooney com direção
e atuação deste último.
No enredo, acompanha-se a tarefa de Stokes
(Clooney), Granger (Matt Damon), Campbell (Bill Murray), Garfield (John
Goodman), Jean-Claude (Jean Dujardin), Savitz (Bob Balaban) e Epstein (Dimitri
Leonidas), guinados à postura militar na tarefa nada fácil de entrar em zona
perigosa, com minas espalhadas pelo chão, sabendo que os quadros e as estatuas
roubadas poderiam não estar apenas em um local, mas espalhados/as em todo o
território de diversos paises, para facilitar o envio para a Alemanha.
O assunto é dos mais interessantes mesmo se sabendo
que a 2ª Guerra já explorou muita matéria tratadas na literatura e no cinema.
Mas o filme ora em exibição internacional só não foi um fiasco devido aos nomes
que compuzeram o elenco. São atores competentes, contando ainda com a
participação (sem razão de ser, diga-se) de Cate Blanchett (a atual favorita do
Oscar por “Blue Jasmine”). A equipe transita por sequências descosturadas, sem
uma forma que implique em emoção por parte de quem está na plateia. É o tipo da
aventura mal contada, com insuficiência na configuração das personagens de
forma capaz de dimensioná-las e jogando as situações em esquetes, sem unir os
fatos de maneira a que se os acompanhe com interesse.
Desta vez George Clooney falhou no que antes se
mostrou mais interessante, como em “Boa Noite, Boa Sorte” (Good Night and Good
Luck, EUA, 2005) e “Tudo Pelo Poder” (The Ides of March, EUA, 2010). Nesses
trabalhos em que surgiu no roteiro associado ao mesmo ator-escritor Grant
Heslov, o enfoque resvalava o real com base sólida e com uma narrativa coesa. A
dupla busca igualmente uma fonte histórica, mas como o assunto era mais vasto, creio
que ficaram um pouco perdidos. Pode-se lembrar avaliando a atuação das
personagens aos prisioneiros feito soldados em “Os 12 Condenados” (Dirty Dozen,
1967) de Robert Aldrich, onde é possivel observar que fica faltando uma costura
da motivação para que se acompanhe a aventura com interesse. O filme é longo e
deixa que se sinta a prolixidade, mesmo sabendo que a historia pedia que se
observassem as várias etapas da busca pelas obras de arte roubadas, percorrendo
mais de dois países, e dando margem a sacrifícios como de dois dos membros da
equipe mortos em trabalho. A cena da morte de Jean Claude/ Dujardin é um dos
momentos sensíveis do filme, com ele achando ser “ridículo” o seu padecimento
através de um franco atirador e pedindo ao colega, interpretado por John
Goodman que enderece uma lembrança à sua família. Há toda a sorte de evidências
de que essa “missão” de recuperar obras de arte, também é questionada por
muitos militares que consideravam ser inadmissível salvar a arte e deixar
morrerem pessoas. O que vale isso? diziam eles. Embora coerente, a emissão
desse dilema entre morte e mortos, arte e vida ao se deparar com os achados que
foram produtos de saque dos mandados de Hitler, o público sente que aquela
missão se torna impactante. E cada vez mais, à medida que se vai adentrando
novas invasões de Hitler nos caminhos do mundo e responsável pela quase
dizimação de um povo e de toda a produção deste sente-se mais e mais a necessidade de lutar contra essa
ideologia que de vez em quando dá mostras de emergir.
“Caçadores....”não é um filme ruim. Apenas se
percebe que podia ser melhor.
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