sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CAÇADORES DE OBRAS PRIMAS

Elenco all star em uma caçada inédita

No fim da 2ª Guerra Mundial os líderes dos países aliados se deram conta de que Hitler roubara tesouros artísticos dos países conquistados para fornar o futuro Museu do III Reich ou presentear seus generais de vultuosos ornatos em suas salas de estar.
Adolph Hitler era um pintor frustrado, segundo sua história. Antes de se inscrever na carreira militar e como ditador tentou a Academia de Artes e foi reprovado. Tinha ódio da arte moderna e prometia vingança contra os que o desprezaram.
Devido a esses saques em museus, os norte-americanos formaram uma brigada reunida em uma equipe de civis para penetrar nos territórios onde teriam estado os alemães e retirar o material roubado de onde estivesse.
O fato histórico gerou o livro de Robert M. Edsel e o filme “Caçadores de Obras Primas”(The Monument Men, EUA, 2014) com roteiro de Grant Heslov e de George Clooney  com direção e atuação deste último.
No enredo, acompanha-se a tarefa de Stokes (Clooney), Granger (Matt Damon), Campbell (Bill Murray), Garfield (John Goodman), Jean-Claude (Jean Dujardin), Savitz (Bob Balaban) e Epstein (Dimitri Leonidas), guinados à postura militar na tarefa nada fácil de entrar em zona perigosa, com minas espalhadas pelo chão, sabendo que os quadros e as estatuas roubadas poderiam não estar apenas em um local, mas espalhados/as em todo o território de diversos paises, para facilitar o envio para a Alemanha.
O assunto é dos mais interessantes mesmo se sabendo que a 2ª Guerra já explorou muita matéria tratadas na literatura e no cinema. Mas o filme ora em exibição internacional só não foi um fiasco devido aos nomes que compuzeram o elenco. São atores competentes, contando ainda com a participação (sem razão de ser, diga-se) de Cate Blanchett (a atual favorita do Oscar por “Blue Jasmine”). A equipe transita por sequências descosturadas, sem uma forma que implique em emoção por parte de quem está na plateia. É o tipo da aventura mal contada, com insuficiência na configuração das personagens de forma capaz de dimensioná-las e jogando as situações em esquetes, sem unir os fatos de maneira a que se os acompanhe com interesse.
Desta vez George Clooney falhou no que antes se mostrou mais interessante, como em “Boa Noite, Boa Sorte” (Good Night and Good Luck, EUA, 2005) e “Tudo Pelo Poder” (The Ides of March, EUA, 2010). Nesses trabalhos em que surgiu no roteiro associado ao mesmo ator-escritor Grant Heslov, o enfoque resvalava o real com base sólida e com uma narrativa coesa. A dupla busca igualmente uma fonte histórica, mas como o assunto era mais vasto, creio que ficaram um pouco perdidos. Pode-se lembrar avaliando a atuação das personagens aos prisioneiros feito soldados em “Os 12 Condenados” (Dirty Dozen, 1967) de Robert Aldrich, onde é possivel observar que fica faltando uma costura da motivação para que se acompanhe a aventura com interesse. O filme é longo e deixa que se sinta a prolixidade, mesmo sabendo que a historia pedia que se observassem as várias etapas da busca pelas obras de arte roubadas, percorrendo mais de dois países, e dando margem a sacrifícios como de dois dos membros da equipe mortos em trabalho. A cena da morte de Jean Claude/ Dujardin é um dos momentos sensíveis do filme, com ele achando ser “ridículo” o seu padecimento através de um franco atirador e pedindo ao colega, interpretado por John Goodman que enderece uma lembrança à sua família. Há toda a sorte de evidências de que essa “missão” de recuperar obras de arte, também é questionada por muitos militares que consideravam ser inadmissível salvar a arte e deixar morrerem pessoas. O que vale isso? diziam eles. Embora coerente, a emissão desse dilema entre morte e mortos, arte e vida ao se deparar com os achados que foram produtos de saque dos mandados de Hitler, o público sente que aquela missão se torna impactante. E cada vez mais, à medida que se vai adentrando novas invasões de Hitler nos caminhos do mundo e responsável pela quase dizimação de um povo e de toda a produção deste sente-se mais  e mais a necessidade de lutar contra essa ideologia que de vez em quando dá mostras de emergir.
“Caçadores....”não é um filme ruim. Apenas se percebe que podia ser melhor.


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