László e André Gyémánt , os gêmeos, e Piroska Molnár, a avó, em desempenhos surpreendentes: "O Diário da Esperança" (2013).
Uma cinematografia
constante nas cópias de DVDs é a europeia, em especial a alemã. Cópias de
filmes que tem circulado entre os adeptos dessa mídia digital demonstram que os
vários gêneros conhecidos em outras escolas são produzidos por lá, mantendo,
entretanto, um foco diferente na narrativa. Há outras cinematografias. Merecem atenção.
“O Diário da Esperança” (A
nagy füzet, Hungria, 2013) foi vencedor de vários prêmios em festivais
internacionais. O roteiro de Tom Abrams com base no romance de Agota Kristof
focaliza duas crianças, gêmeas de 12 anos que a mãe entrega à avó, numa fazenda
no interior da Hungria, como forma de evitar que elas sofram os horrores do
conflito. Mãe e pai dos meninos são envolvidos pela guerra e não buscam os
filhos em pouco tempo. Eles são obrigados a suportar o mando da avó despótica,
uma mulher obesa, magoada com a morte do marido, também magoada com a filha que
jamais a procurou. Mortificando-se para enfrentar dores e o sofrimento físico e
psicológico, os meninos suportam situações dramáticas e só não morrem por
intervenção de um oficial alemão que passa pelas imediações e os ajuda por admirar
a força que têm.
O filme é cruel como os
pequenos personagens mostram as estratégias que aplicam em si próprios para se
tornarem fortes às intempéries como a ausência da mãe que não vem buscá-los, os
castigos que padecem pelo despotismo da avó, com os trabalhos pesados obrigados a praticar
para não morrer de fome. Eles sobrevivem pela capacidade de sentir a dor que
aprendem a suportar. Com direção de János Szasz, é um exemplo do melhor cinema
húngaro e não chegou aos cinemas locais. Merece ser descoberto em DVD. Não só a
narrativa é exemplar no modo como atravessa um período em que a guerra termina
no front, mas se faz sentir nas imediações (e desse modo o filme dimensiona o
que se entende por guerra) como um modelo de interpretação dos meninos László e
André Gyémánt e de Piroska Molnár, um tipo impressionante como a avó e que a
população chama de bruxa.
Merece a atenção do
cinéfilo.
“Charity Meu Amor”(Sweet
Charity, EUA, 1969) é o primeiro filme para cinema dirigido pelo coreografo Bob
Fosse (1927-1987), pouco tempo antes de ele dirigir “Cabaret” seu filme mais
conhecido (e a meu ver o melhor). Baseado no clássico “Noites de Cabiria” de
Fellini, com roteiro de Peter Stone extraído da peça de Neil Simon, apresenta
Shirley McLaine no que talvez ainda seja o seu melhor momento em cinema. Ela interpreta
Charity, a dançarina de cabaré, ligada à prostituição, que depois de um romance
frustrado que quase a leva á morte (o filme abre com o namorado atirando
Charity no mar), pensa que se casará com um jovem rico e tímido. A linha do
argumento é toda do filme de Fellini e aqui se acrescentam os números musicais.
O filme foi candidato a três Oscar e Shirley ao Globo de Ouro. Cópia excelente
em widescreen.
“A Ultima Aventura de
Robin Hood” (The Last of Robin Hood, EUA, 2013) tem roteiro dos diretores
Richard Glatzer e Wash Westmoreland baseado na biografia de Errol Flynn (1909-1959)
ator famoso nos anos 40/50 que marcou seu desempenho como o interprete de
clássicos populares como “Capitão Blood” (1935) e “As Aventuras de Robin Hood”
(1938). A trama apresenta aspectos dos últimos anos da vida do astro, que
manteve relacionamento com a ninfeta Beverly Aadlam (1948-2010) gerando matéria
para os jornais da época e um livro da mãe da jovem, Florence (Susan Sarandon).
A ex-atriz infantil Dakota Fanning (de “Grande Menina, Pequena Mulher”)
responde pelo difícil papel de Bervely. Mas o que surpreende é o desempenho do
ator Kevin Kline, investido num Errol Flynn aceitável até pelo aspecto físico, garantindo
a admiração dos que o conheceram de tantos sucessos de bilheteria. Um título,
sobretudo, curioso e lançado no Brasil diretamente em DVD.
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