“O Sol Sempre se Põe na Rua 3” (Japão, 2012) direção de Takashi Yamazaki.
Com
o apoio do Japan Fundation (SP), Consulado do Japão em Belém e comemorativo dos
120 anos de amizade Japão-Brasil, o Cine Olympia estará exibindo um filme dessa
nacionalidade fazendo jus ao processo de relacionamento dos dois países nesses
anos de aproximação e, através do cinema, contribuindo para a disseminação da
cultura nipônica a partir dessa arte.
Esta
semana, iniciando-se nesta quinta feira, será exibido “O Sol Sempre se Põe na
Rua 3”(Always hôme no yûhi '64, Japão, 2012), com direção de Takashi Yamazaki.
Nessa narrativa explora um painel em que se observam lugar, personagens e
situações na Tóquio de 1964, por ocasião dos Jogos Olímpicos naquela cidade e
país, alertando como o núcleo urbano se desenvolvia aceleradamente depois da 2ª
Guerra Mundial. Várias personagens são focalizadas na construção do painel. Há
o romancista Ryunosuke, casado com Hiromi e vivendo com o filho adotivo
Junnosuke, que está agora no ensino médio e o pai exige que ele chegue à
universidade. Há o mecânico Norifumi Suzuki com a sua oficina pretendendo desenvolver
no âmbito nacional. Ele mora com a esposa Tomoe, o filho Ippei e funcionária
Mutsuko. Esta é muito tímida e só nas manhãs bem cedo cuida de sua beleza,
tirando o macacão que usa o dia todo consertando carros. Muito bonita, Matsuko encontra o médico Tomokazu por quem se
apaixona e é correspondida. Mas o rapaz tem fama de mulherengo e Suzuki quer
afastar sua pupila de conquistas. Os moradores da Terceira Rua vivem em suas
formas habituais otimistas, mas carregam dramas pessoais que vão ficando expostos
no decorrer da narrativa, com a câmera sempre focalizando a rua onde moram
(construída no estúdio) e alertando para a amizade que une os habitantes.
Os
tipos e situações mais focalizados são os do escritor e seu filho adotivo,
constrangido (ou invejoso) quando o garoto, que pensava estar sempre estudando
para se submeter ao vestibular, escreve um conto que faz sucesso na revista
onde trabalha o pai adotivo. Quando este homem sabe que o seu recente trabalho
literário foi subtraído, ganhando um desconhecido, fica muito triste. Nessa
época a esposa do escritor, grávida, pari uma menina. A situação de
constrangimento do pai se acentua ao conhecer o interesse da editora pelos
contos do filho e a posição deste em se manter no que gosta, preferindo esse
modo de vida ao que já fora imposta pelo pai.
Quanto
a outra situação é a do mecânico que não quer aceitar o romance de sua
funcionária e exibe fúria quando sabe que ela foi passar uma noite com o médico.
Alertado por outro médico sabe que o rapaz é um bom caráter, que trabalha de
graça para os mais necessitados e, principalmente, quando revela sua pretensão
de casar com a namorada. Com isso, há forçosamente uma mudança.
Os
dois casos levam ao momento simbólico em que todos podem apreciar o mesmo por
do sol. No caso, este espetáculo natural é mais interessante do que a
transmissão dos jogos olímpicos pela TV. Aliás, logo nas primeiras sequencias o
roteiro define as personagens quando na casa de uma chega um aparelho de TV em
preto e branco e na de outro um colorido. Não é só o fator financeiro que vale
a amostragem, mas, principalmente, o caráter dos donos das casas, os diferentes
temperamentos que modulam os lares, todos orientados pelos homens “donos do
espaço”.
A
mudança do país ganha dimensão, também, nos comportamentos dos habitantes.
Muito se comenta da mulher que trabalha na oficina mecânica e quando ela vai
casar com anuência dos responsáveis por sua conduta (os pais biológicos moram
no interior) o “modus vivendi” é relatado no fato de ela, mesmo casada,
continuar trabalhando.
Uma
narrativa muito simples, com bons desempenhos, torna o filme muito
popular (e isso fez sucesso em sua origem). Não é obra-prima, mas um programa
muito interessante e, sem duvida alguma, com embasamento histórico-sociocultural.
O autoritarismo patriarcal, a presença feminina em profissões ditas masculinas
e a rebeldia filial evidenciam as novas vivências dos orientais marcadas pelo
tempo dos jogos.
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