sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

INCONTROLÁVEL


















O quinto filme que Denzel Washington protagoniza em trabalhos do diretor Tony Scott, “Incontrolável”(Unstopable/EUA<2010) testa uma faceta do ator que já demonstrou qualidades para esse tipo de ação no cinema, embora sua tendência seja para o gênero drama e suspense. Aqui, dirigindo um trem que segue outro que se sabe estar em alta velocidade, sem condutor e cheio de substância tóxica, ele reassume o posto do herói exibido recentemente em “O Seqüestro do Metrô”, do mesmo cineasta. E o argumento deste lembra “Velocidade Máxima”(Speed/1994) de Jan De Bont onde Sandra Bullock e Keannu Reeve fazem força para travar um ônibus que não pode correr menos de cem quilômetros e mais um pouco acima disso.

O roteiro do filme de Scott se baseia num fato real e foi escrito por Marc Bomback (o mesmo de “Duro de Matar 4” e “O Enviado”). Claro que a realidade foi devidamente maquilada para gerar um suspense de pouco mais de 90 minutos. A ação inicia quando um ferroviário veterano esquece-se de ligar o freio automático de uma locomotiva que puxa muitos vagões. O trem começa a correr, ele não o alcança para solucionar o problema, e a velocidade sempre aumentando leva o veiculo para diversas cidades, gerando pânico, pois nos últimos vagões estão cilindros cheios de gás tóxico e inflamável.

O suspense é gerado quando todas as medidas técnicas falham para sanar o problema, e a ajuda de helicópteros para colocar uma pessoa na locomotiva desenfreada torna-se inútil. A alternativa é descarrilhar o trem, mas há o perigo de atingir a população das cidades próximas. Resta torcer pela intervenção de dois maquinistas que estão em outro trem e pensam seguir de ré até onde está o “incontrolado”, estancando aos poucos a força incontida até que pare usando o freio. Mas é muita força para o mecanismo de socorro. O que têm a fazer é subir no trem sem controle e tentar chegar à locomotiva acionando o mecanismo que foi esquecido pelo funcionário da ferrovia.

No meio tempo focalizam-se dois fatos: o relacionamento dos maquinistas com suas famílias e a posição ambiciosa da empresa proprietária das máquinas. Esta, a principio, não quer que se perca um de seus trens. Pensa na magnitude do desastre iminente e de como isso vai influir nas suas ações ora bem cotadas na Bolsa de Valores.

Com alguns clichês disponíveis no gênero, mesmo assim, é inegável que Tony Scott brinda a platéia com um filme tenso, desses que a gente vê com um fôlego sem se dar conta do tempo que passa (e do frio da sala de exibição em dia de chuva). Não há como deixar de vibrar para que os dois ferroviários consigam realizar as proezas propostas por um deles. O suspense é tão grande que é plenamente perdoável o fato de o ferroviário mais novo, Will (Chris Pine), ter machucado o pé e, mesmo assim, conseguir saltar para dentro de um carro que passa em paralelo ao trem desenfreado e, em seguida, alcançar a cabine do trem para cumprir a difícil missão.

Os dois intérpretes dão a necessária dose de talento para a verossimilhança do fato exposto. É evidente que o espectador fica duvidando do que acontece. Mesmo porque não sabe como se deu o episódio e a missão verdadeira. Aliás, Tony Scott e seu roteirista endossam o suspense mostrando no início um vagão cheio de crianças que não se explica direito em que trem se encontram (essa sequência não é mais percebida e nem se sabe como a aventura da garotada termina). Cinema, como dizia Hitchcock, alimenta-se da fantasia (até porque é uma ilusão de ótica). Ciente disso é ver com admiração o trabalho de montagem de Robert Duffy e Chris Lebenzon. A eles se deve uma prodigiosa narrativa.

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