terça-feira, 4 de janeiro de 2011

MEGAMENTE




“Os bons são existem porque existem os maus”. Este preceito maniqueísta é desdobrado no roteiro de Alan J. Schoolcraft e Brent Simons para a animação “Megamente”(Megamind/EUA, 2010), dirigida por Tom McGrath (responsável pelos dois desenhos “Madagascar”) para dizer que o vilão da história, o Megamente do titulo, é, na verdade, uma criatura boa que se veste de má pelas circunstâncias.

Como o Super Homem dos quadrinhos de Joe Shuster e Jerry Siegel, o Superman – que no cinema já foi tratado em dois seriados nos anos 1940 e, desde ai, em vários desenhos animados curtos e, pelo menos em 5 longas-metragens de alto orçamento – Megamente é lançado ao espaço quando seu planeta está preste a explodir, tomando a direção da Terra. Mas, neste caso, há uma diferença: na mesma ocasião outra personagem ganha um destino semelhante. Resultado: Megamente aterrissa num presídio e a outra criatura cai numa creche e será adotado por milionários. Valendo a regra de que o homem (e no caso até o ET) é produto do meio, Megamente se torna bandido e o colega se investe de mocinho (com o nome de MetroMan).

Há várias alusões de sátira a esta gênese dos personagens: desde a menção ao planeta Krypton, lugar de origem do Superman. Em seguida, à cidade que abriga os tipos – Metro City – daí surgindo a herança nominativa a MetroMan, super-herói que também pode evocar o metrossexual, ou seja, o sujeito vaidoso ao extremo, o homem (que tem uma orientação sexual hetero) que acima de tudo cuida de seu aspecto físico. Igualmente se brinca com a Metropolis dos quadrinhos. Mas, no caso dos garotos extraterrenos, Megamente é azul, cabeçudo, feio, e se torna bandido por achar que é o meio de ganhar visibilidade na sociedade. É parte da herança social de seu lugar de criação. Quanto a Metro Man, é alvo de reportagens elogiosas, convive com as informações positivas e exibe-se em poses para fotos, mostrando um estilo teatralizado com enfase numa coreografia operística.

Nas inventivas de Megamente a queimar etapas para emergir na cidade com a fama que quer ter, MetroMan é dado por morto, daí, o seu “contrário”passa a governar a metrópole, ou Metro City. E não há reação contrária a seus atos. O medo se estabelece e os cidadãos aceitam as regras do vilão. Isto gera monotonia pela atitude hegemônica dos comandados. Megamente se queixa de que não há nada de novo. E conscientiza de que suas maldades só aparecem porque não existe bondade para um confronto. Por isso resolve criar um super-herói. Mas trabalha no medíocre fotografo que acompanha a mocinha da historia (a quem Mega adora). A lição é que a mediocridade, quando de posse do poder de mando, se transforma em vilão insuperável. Resta Megamente lutar contra a sua criação e, retomar a hierarquia de poder que havia perdido para a criatura gerada, passando a ser super-herói.

Com uma trama edificante, a animação da DreamWorks consegue seguir o rumo do melhor do gênero ultimamente: não se endereçar apenas às crianças. O filme é não só diversão, exibindo o melhor da tecnologia que abrange a 3D, mas se torna uma peça louvável de reflexão ao pregar que Bem e Mal são relativos, que uma pessoa rotulada de má por algumas ações pode ser vista como boa se houver chance para isso. A crítica ao que é mau, sempre e sempre, é sobre a mediocridade, responsável por gerar sentimentos inferiores como a inveja, a ambição, a vaidade sem limites.

O filme favorece mais um exemplar produzido pela DreamWorks na linha de desenho animado, visto que ainda no ano passado lançou o interessante “Como Treinar o seu Dragão”. O estúdio de Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen (SKG) disputa com a PIXAR a melhor posição da animação norte-americana. E em 2010 ganhou ainda a concorrência da Universal com “Meu Malvado Favorito”(Dispicable Me), coincidentemente (ou não) uma historia em que o vilão se mascara de bonzinho.

Para qualquer idade, “Megamente” deixa nas pessoas um sentimento elevado. É a tecnica aliada a critica social contribuindo com o bom cinema. Veja sem falta!
E um recado aos meus leitores/as: até o próximo dia 05/01 estarei recebendo as listas de melhores filmes de 2010. Por favor, enviem através do meu email.

E deste espaço, agradeço aos meus 7 (leitores, no diz do saudoso amigo e jornalista Joaquim Antunes) a sua preferência por esta coluna neste ano que passou. Espero que também acessem o este blog. E que neste novo ano de 2011 possamos estar ainda uma vez juntos nesta caminhada pelo cinema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário