quinta-feira, 23 de junho de 2011

CINEMA NAS FÉRIAS –II



Prossigo avaliando o panorama dos programas de cinema nas férias escolares de meio do ano.

Ontem citei os filmes agendados pelas salas comerciais. Hoje trato dos “extras”.

Em julho, os programas especiais das salas especializadas em cinema “de arte”(importante as aspas porque a atividade artística não é assim tão bitolada) deverão ser reduzidos. Haverá, apenas, um programa “Cult” e uma sessão do Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP). As demais salas exibem regularmente um só filme por mês (Saraiva, Cine Clube Pedro Veriano/Casa da Linguagem e Cine Estação). O “velho” cine Olympia fica com filmes de curta metragem de diversas procedências (mais alemães) e alguns médias nacionais. Vão continuar, pelo menos das informações que tenho até agora, as sessões especiais dos domingos. Ainda em junho será exibido “À Noite Sonhamos”(dia 26).


“O Homem Mosca”(Safety Last/EUA<1929) de Harold Loyd estará na sessão do dia 28/06, do Cine Clube Pedro Veriano na Casa da Linguagem. O critico que dá nome ao clube deverá apresentar o filme, escolhido dentro do programa “Os Grandes Comediantes”. Analisará a obra e relatará alguns fatos curiosos em torno desta comédia clássica, especialmente o que aconteceu com o paraense Sinésio Mariano de Aguiar, fã de Lloyd.


“O Espírito da Colméia”(EL Espiritu de la Colmena/Espanha 1973, foto) é uma brilhante metáfora do diretor Victor Erice sobre os anos de ditadura na Espanha. As meninas que vêem no cinema o clássico “Frankenstein” pensam que o monstro vai surgir na pequena comunidade da zona rural onde vivem com o avô. Na época, a sombra da censura franquista (nome derivado do ditador Francisco Franco), aterrorizava quem ousasse sair de uma linha cujos limites mal se sabia corretamente. O filme foi um dos mais lembrados da fase de exibições do Cine Clube APCC, no Grêmio Literário Português e Cine Guajará da Base Naval.


“Johnny Guittar”(EUA,1954) é um western de Nicolas Ray que os franceses entronizaram. Interessante, pois a “heroína” (ou vilã, desde que se tenha em mente que é “durona”) é interpretada pela atriz e uma das grandes do cinema mundial, Joan Crawford. É importante ser (re)visto agora. Fará a Sessão Cult do Cine Libero Luxardo no inicio do mês (julho).


“Oliver Twist”(Inglaterra, 1948) é a versão clássica do livro de Charles Dickens realizada pelo diretor inglês David Lean. Mesmo contando com a refilmagem eficiente de Roman Polanski, em 2005,o trabalho de Lean chega mais próximo da fonte literária e deixa imagens marcantes. Impossível esquecer Robert Newton como Bill Sikes. A sessão é no auditório Benedito Nunes, da Livraria Saraiva, no shopping Doca Boulevard, na 4ª.Feira dia 6 de julho.


“À Noite Sonhamos”(A Song to Remember/EUA, 1944) é uma biografia de Chopin nos moldes de Hollywood. Mas impressionou, chegando a ser candidato a 6 Oscar. Foi o primeiro desempenho estelar de Cornel Wilde (1912-1989), ator que iniciou carreira em 1936 protagonizando tipos secundários, inclusive como um mexicano no western “Seu Último Refugio”(High Sierra/1940) de Raoul Walsh. Neste filme ele personifica Frederic Chopin imaginado pelo roteirista Sidney Buchman. A direção coube a Charles Vidor e a produção foi uma das mais caras da Columbia num tempo em que esse estúdio ainda era considerado “B”. Mas há de se ver Merle Oberon exagerando como forma de sacrificar a imagem do feminismo (e a critica, mostrando como ela se vestia com roupas masculinas e adotava nome de homem para vencer na estreita faixa de escritores) e Paul Muni caricato, mas forte como o professor de Frederic. Um filme que fez muito sucesso popular em sua estréia. Inclusive aqui, no próprio cinema que domingo próximo vai exibi-lo na sessão das 16 horas.


Esses eventos, onde filmes hoje clássicos são programados e vistos esperam traduzir em crítica o que achamos da produção comercial de Hollywood, visto ser parte de toda uma concepção dom processo de formação do público de cinema que hoje ainda pensa que só em determinados filmes é possível capacitar e/ou conceber a arte cinematográfica. Idéias estreitas, a meu ver, subestimam um amplo foco inteligente para as artes em geral e tornam uma maneira castradora de dirigir os olhares do espectador que deve ter sua opção de escolha.



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