segunda-feira, 30 de julho de 2012

CINEMA DE ONTEM E DE HOJE


         A variedade da programação de filmes em DVD leva a um painel da história do cinema. As locadoras receberam, por exemplo, clássicos como “Na Noite do Passado”, “Corações Enamorados”, “Encruzilhada dos Destinos” e novidades como “J.Edgar”, “Heleno”,e “Conflito das Águas”.

“Na Noite do Passado”(Random Harvest/EUA, 1941) foi candidato a vários Oscar. Baseado em um romance de James Hilton, o autor de “Horizonte Perdido”(Lost Horizon) trata de um ex-combatente da I Guerra Mundial que é levado para a Inglaterra sem memória. Depois de meses num asilo ele resolve fugir. E o faz no dia em que se comemorava o fim da guerra. No meio da multidão que festeja, nas ruas, o armistício, ele encontra uma artista de teatro de variedades que lhe presta auxilio (ele mal podia andar) e leva-o para sua casa. Nasce um romance entre os dois que logo se casam e ganham um filho. Descobrindo a sua facilidade em escrever ele chama a atenção do diretor de um jornal em Liverpool que pede a sua visita à redação. Quando ele chega à cidade e está a caminho do jornal para encontrar este editor é atropelado e recupera a memória. Reconhece, então, que é um rico herdeiro que deve chefiar uma indústria devido a morte do pai dias antes. Mas esquece dos 3 anos que viveu sem consciência. A esposa, que muito o procura, emprega-se como sua secretária e começa uma cruzada para que ele recorde que foi seu marido. O filho havia falecido.

Não conheço o romance original, mas o filme é muito bem narrado. Exemplifica aquele tipo de cinema que sabia contar uma história. E por isso seduzia plateias. Ronald Colman tem um excelente desempenho e Greer Garson mostra que sabia fazer de tudo, chegando a dançar e cantar neste exemplo de produção “séria” da MGM.

Três exemplares da fase auspiciosa da “marca do leão”(MGM) chegaram juntos às locadoras: fora este, “Noite do Passado”, mais “Mundos Opostos”, que já comentei semana passada, e “Encruzilhadas do Destino”. Este último, no original “Bhowani Junction”, é de 1956, época em que a produtora já indicava sinais de decadência. Filamdo em cinemascope no Paquistão com pretensão de ser a Índia, trata de um romance entre um oficial inglês (Stewart Granger) e uma militar mestiça (Ava Gardner). É o tempo do retorno dos ingleses colonizadores desse país, atendendo à resistência pacifica orientada por Mahatma Gandhi. As locações, com intervenção de pessoas do lugar, impressiona. Mas o roteiro é cheio de clichês e o final bem “hollywoodiano” do passado. Ava Gardner foi elogiada por um papel diferente dos que interpretava na rotina do estúdio. Vale, nos dias atuais, apenas como curiosidade.

“Heleno” (Brasil/2010, 116 min.) biografa o jogador de futebol que fez sucesso no Botafogo (RJ) dos anos 40 e que por seu gênio violento e sua intensa procura por mulheres acaba perdendo “status” (fez breve carreira no Vasco e no América) e, descoberto com sífilis, acaba seus dias em uma casa de saúde aparentando o intenso sofrimento que a doença manifesta no corpo e na mente.

O filme dá margem ao melhor desempenho de Rodrigo Santoro em sua carreira internacional. Com a aparência fisica de Heleno de Freitas, o personagem real focalizado, consegue prodígios de expressões faciais reveladas em closes. Santoro é também associado à produção do filme.

O problema, a meu ver, é o roteiro assinado pelo diretor José Henrique Fonseca, por Felipe Bragança e Fernando Castets, pecando, por exemplo, por omitir os primeiros anos da carreira de Heleno, preferindo exaurir seus encontros sexuais e sua fase de doente. De qualquer forma é um dos melhores filmes nacionais deste ano, realizado corajosamente em preto e branco como forma de se introduzir o clima de época e cenas filmadas então.

O filme não foi exibido nos cinemas de Belém. Um absurdo.

2 comentários:

  1. Oi, Luzia!
    Fiquei com vontade de assistir "Heleno", após ler seus comentários. Assistir DVD para mim é um sacrifício, mas vou me aventurar. Ouvi dizer que o filme foi um fracasso retumbante, e parece-me que a atriz Cláudia Abreu estava na co-produção.Uma pena! Muito pior é essa ausência nos cinemas comerciais de Belém, que agora só recebem (maioria das vezes) porcaria.
    Abraço,
    R.Secco

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  2. Ué, mandei um comentário e não saiu. Será que brecou?
    Thanks a lot!
    R.Secco

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