Os turistas visitando a cidade abandonada em Chernobyl Diaries/EUA, 2012
O filme “Chernobyl”(Chernobyl Diaries/EUA, 2012)
filia-se ao ciclo de terror radioativo, com baixo orçamento. Um dos
roteiristas, Oren Peli, é o mesmo que diirigiu “Atividades Paranormais”(2009) e
escreveu o roteiro de “Atividades 2”, da série (dizem que seu interesse pela história
atual surgiu quando ele viu a cidade de Pripyat num blog). Mas desta vez o
método narrativo deixa a imitação de documentário, desprezando a câmera manual
e a luz ambiente, para seguir a linha comum de artesanato, opção que ajuda
muito ao diretor Bradley Parker, um estreante. Longe da tentação de fazer
“cinema verité” no implausível, ele joga na ficção e consegue pelo menos um
ritmo compatível com o gênero proposto. Não há quem possa achar enfadonho o
percurso dos estudantes no local ermo, mas repositório de surpresas. O problema
é justamente “essas surpresas”. Há o toque comum do gênero com os acordes
incentivando os sustos dos espectadores.
“A Bruxa de
Blair” inaugurou um tipo de cinema de baixo custo, nessa linha, de faturamento
certo. Mas não se diga que os “filmes de terror” sempre optaram pelo esquema de
baixo orçamento e roteiros “espertos”. No programa que estava sendo exibido no Cine
Olympia, e que deve retornar quando consertarem o sistema elétrico do prédio,
há exemplares do produtor Val Lewton onde o preço da realização era irrisório ,
a metragem no limite do que se enquadra em “longa” (pouco mais de 60 minutos) e
o resultado impressionava sem apelar para processos de parque de diversões para
dar sustos.
“Chernobyl”
não chega a ser tão ruim quanto se pode pensar. O grupo de interpretes age bem,
as locações impressionam, sendo filmado na Sérvia, nos subterrâneos de Belgrado e
Hungria, ambientes que sustentam a ação. Há, pelo menos, dois pontos positivos, possivel de
extrair de um conjunto que numa visão apressada é um processo corriqueiro de
fazer cinema sensacionalista: a vigilância da região que ainda hoje exala
radioatividade existe e ganha ares de vilã no fim da história, ficando a lição
de que não se deve aceitar convites para “turismo radical”(o caso de um dos
rapazes que insiste na visita a Prypiat- Ucrânia, a localidade próxima de
Chernobyl, contra a vontade de alguns membros da turma, inclusive o personagem Paul,
seu irmão). Além disso, o novo cineasta com o seu editor se esmeram no ritmo da
trama. Não perde tempo com filigranas nem detalha os “achados” na zona
contaminada pela radiação. Em filmes que abordam uma pós-guerra nuclear como “A
Última Esperança da Terra” (The Omega Man, EUA, 1971) refilmado como “Eu Sou a
Lenda”( I am legend, EUA, 2008, com Will Smith e Alicia Braga), surgem, numa
cidade devastada, seres disformes que vagam à noite, todos vítimas de efeito
radioativo. Aqui esses seres podem ser imaginados pela história ambientada em
Chernobyl, mas eles não surgem em detalhes para reforçar o medo do público. Os
realizadores compreendem que desconhecer é mais aterrorizante do que mostrar.
Com isso, o filme se torna interessante. A mim surpreendeu, pois esperava mais
um exemplar de medíocres formas de assustar.
Luzia gostei de Chernobyl, achei interessante a primicia de utilizar o acidente radiotivo que ocorreu na citada usina, para mostrar dois aspectos o turismo mórbido e a questão da contaminação radiotiva.
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