segunda-feira, 26 de julho de 2010

DRAMA E CONSCIÊNCIA





Continuam chegando em DVD cópias de filmes inéditos no circuito de exibição comercial. Dividindo com os que assisto na TV fechada, reservo as segundas feiras para repassar ao leitor/a deste espaço, minhas opiniões sobre o que assisto. Ao menos o espectador/a em “jejum” de bons filmes, leitor de Panorama, procura agendar seus programas com essas indicações, principalmente neste tempo de férias (para alguns, diga-se).E não esqueçam que há este blog sempre atualizado com essas informações.

“Policia, Adjetivo”(Politist Adejctive/Romênia,2009) ganhou o prêmio “Um Certo Olhar” no Festival de Cannes/2009 e, também, o prêmio da critica. Jamais chegaria às nossas salas comerciais. A narrativa lenta segue um policial encarregado por seu chefe de investigar um jovem estudante suspeito de distribuir e usar drogas. Especificamente, maconha. O policial diz que esteve em lua de mel da Tchecoslováquia (em Praga, a capital tcheca) e percebeu que lá não existe mais lei proibindo o uso da maconha. “Esta lei pode mudar aqui” pensa ele em função e Bucareste. Mas o seu superior manda que leia no dicionário os termos “consciência”, “lei” e “moral”.

Nessa longa leitura que é feita em plano médio e estático na sala do delegado, ouve-se que a consciência de um homem da lei não representa a lei. Se ele serve ao que é legal é obrigado a cumprir o que se têm como legal. E tanto consciência como moral são termos subjetivos. A frieza da lei obriga a que se faça alguma coisa, e neste caso não há conjectura se a lei possa mudar.

É claro que o filme evoca a ditadura Ceausescu que abraçou a Romênia durante muito tempo(1965-1989). Naquele período, a exacerbação dos cumprimentos aos preceitos legais, na verdade, aos ditames do ditador, era inflexível. Na época da ação do filme isto ainda se fazia sentir.

O diretor Corneliu Porumboiu nasceu em 1975 e certamente soube da opressão vivida por seu povo. Dele outro filme elogiado: “A Leste de Bucareste” (2006). A linguagem deste “Policia, Adjetivo” não é complexa, mas peculiar no que se refere ao ritmo. Sempre usando câmera estática, logo na primeira seqüência demonstra um estilo acompanhando o caminho tomado pelo personagem por mais de cinco minutos. Não se sabe de quem se trata, o que está fazendo, e não há música de fundo. Depois disso, as tomadas quase sempre internas demoram no mínimo 3 minutos antes de um corte. Na seqüência em que o chefe manda que seu subalterno leia um dicionário, o tempo passa de 15 minutos. Exasperante para a maioria dos espectadores. É o tipo do filme que é repelido pela maioria que procura cinema – ou mesmo aciona o DVD como diversão. Mas há uma riqueza inegável no que trata e como trata. Realmente o termo “policial” é discutível como adjetivo, desde que se flexione o que queira dizer isso.

Um clássico de aventuras que marcou uma geração é “O Pirata Sangrento”(The Crimson Pirate/EUA, 1948) do veterano Robert Siodmak. Usando a cor e apostando na ação acrobática o diretor, responsável por grandes exemplos de “film noir” como “Dúvida”(1942), “Assassinos”(1946), “Espelho D’Alma”(1946) e “Uma Vida Marcada”(1948) mostra Burt Lancaster e seu parceiro de juventude no circo Nick Cravatt como piratas alegres que usam certa ética nos ataques a navios reais (a opção é de barcos de ditadores). Logo na primeira sequencia o personagem de Lancaster olha para a objetiva e pede que se creia no que se vai ver. Em seguida, dá um salto para outro mastro do seu navio e conclui: “Mas não em tudo”.

O filme fez a festa de muitas crianças de um tempo em que entre nós haviam matinais aos domingos em quase todos os cinemas. Uma tradição paraense que a modernidade enterrou.

Denso é “Leon Morin, o Padre” (Leon Morin, le Prête/França,1961) um filme atípico do diretor de alguns bons “noir” franceses: Jean Pierre Melville. Inovando também, Jean Paul Belmondo protagoniza um sacerdote que resiste aos encantos de uma viúva, mãe de uma menina. De ideologia comunista se insere no cenário de rejeição na França ocupada pelos alemães (2ª.Guerra) e o debate é mostrado de forma fria, com alusões a elementos caros ao sacerdócio católico. Como assistente está Volker Schlondorff (“O Tambor”) mais tarde um dos bons diretores alemães.


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