quinta-feira, 28 de outubro de 2010

INSTINTO DE VINGANÇA



O conto de Edgar Allan Poe “The Tell-Tale Heart” foi publicado em 1843 e deu margem a várias interpretações. Trata de um homem, justamente quem narra a história, que mata um idoso no lugar onde mora e retalha o corpo guardando as partes no subsolo. Ele afirma que não suportava o “olhar de águia” que este possuía. Mas depois de consumado o assassinato, o matador passa a ouvir o coração do assassinado pulsando fortemente do lugar onde se encontrava.

Esse conto foi filmado várias vezes em curta-metragem, somente em 1960 motivando a realização de um filme longo sugestivo dirigido por Ernst Morris. Presentemente ele recebe nova versão no cinema, intitulada de “Instinto de Vingança” (Tall Tell/EUA, Ingl, 2009) dirigido por Michael Cuevas, mais ligado a TV com apenas um título importante em cinema: “O Fim da Inocência” (Twelve and Holding/EUA,2005).

O roteiro de David Calahan (do recente “Os Mercenários”/The Exapandables- o filme de Sylvester Stallone com locações no RJ) muda radicalmente o original literário. Para esta versão, o personagem Terry (John Baca) está convalescendo de um transplante cardíaco, e após certo tempo começa a sentir taquicardia (batidas rápidas e fortes) quando se encontra diante de certas pessoas. Não demora em saber que essas pessoas mataram o doador do órgão e, como tal, devem ser assassinadas. Terry é viúvo, tem uma filha menor cuja pediatra tem certa inclinação romântica pelo rapaz. Há um segredo na trama que se elucida no final. Muitas pistas falsas procuram iludir o espectador que pressente de inicio como a história vai se conduzir.

Desta vez a ficção joga fora qualquer proposta cientifica. Como narrativa, observa-se que o diretor apela o tempo todo para o seu campo de rotina, ou seja, a televisão. Há uma enxurrada de closes, o enquadramento restringe um campo maior quando as tomadas são externas, a montagem é típica dos tele-seriados economizando o enfoque da ação.

“Instinto de Vingança” acaba sendo um filme de terror comum, apenas com uma imagem menos explorada do vilão, justamente onde reside a idéia de Poe, o coração que na época do escritor não precisava se acomodar ao corpo de outra pessoa para clamar por vingança e com isso ganhando mais subsídio na interpretação de que o drama é produto da mente do principal protagonista.

O final explora algumas idéias que o espectador mais arguto vai acumulando ao longo das seqüências e tem a chance de avaliar o bad-end na última tomada através do diálogo entre o transplantado e a médica sua então namorada. Esse detalhe vai responder pelas imagens sem nexo que ele vê surgir e que serão encaixadas no final.

Na última terça feira, o meu comentário sobre ‘A Última Sessão de Cinema” foi publicado sem o endereço onde seria apresentado o programa (cf www.blogdaluzia,com). O filme foi exibido no Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem). Hoje é bom alertar que o clássico “A Guerra dos Botões” de Yves Robert está no Cine Olympia em sessão trgular (18h30).Muitos cinéfilos não conhecem. Vale a pena ver

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