quinta-feira, 12 de maio de 2011

COMO VOCÊ VAI SABER

















A comédia romântica moderna, derivada da “screwball” (comédia maluca) em voga especialmente nos anos 1930 e 1940 do século passado, mostra sua vitalidade a partir da aceitação popular e, consequentemente, do número de filmes que estão sendo realizados nessa linha. É do gênero este “Como Você Sabe”(How do You Know/ EUA 2010) ora em cartaz.


Os motivos para ir assistir ao filme se justificam desde o nome do diretor, James L. Brooks, bem sucedido em exemplares como “Melhor é Impossivel” (ninguém esquece a figura do personagem de Jack Nicholson como um neurótico que anda pelas ruas pulando as pedras do calçadão e outras manias?). Outra justificativa é a presença de um elenco em que despontam Reese Whiterspoon, Owen Wilson, Paul Rudd e o mesmo Jack Nicholson(um grande amigo de James Brooks).


O argumento centra na odisséia de uma “estrela” do beisebol, Lisa Jorgenson (Reese) que ao atingir os 30 anos é vista como ineficiente em partidas de grande porte. Isso motiva o corte de seu nome do grupo das demais colegas que formam o selecionado norte-americano que irá jogar com o time australiano. Decepcionada (pois ainda se julga “em forma”) ela dá seguimento aos toques de sedução de um colega de esporte Matty (Wilson), este um veterano, mas ainda considerado uma estrela de seu time e, por isso mesmo, milionário. Entre as investidas do conquistador ao interesse de resolver suas pendências pessoais, a atleta passa a residir com o fã, que na verdade é um emérito conquistador. Em determinada ocasião ela vem a conhecer um jovem executivo (Rudd) que atravessa uma fase difícil de sua vida posto que estava sendo acusado de crime financeiro por ter assinado papéis da firma de seu pai (Nicholson), dono do estabelecimento. Isto implica em prisão sua ou do genitor sendo que este último arrisca uma pena maior por ser reincidente (praticou delitos comerciais ainda jovem). Em certo momento, a mocinha terá que decidir com que arriscará seu romance aproveitando para aplicar uma análise de comportamento entre os envolvidos, cujo pêndulo servirá para definir sua situação-problema que não é só afetiva, mas de impor-se a um novo modelo de vida.


O espectador acostumado a esse tipo de filme não vai errar um prognóstico de como se portará o romance da protaginista da história. Mas apesar de previsível, a comédia romântica pode render uma boa, ou ao menos razoável, diversão, desde que seja bem narrada (ou “bem amarrada”) e conte com atores que imprimam um mínimo de confiança ao assunto. Isto acontece em “Como Você Sabe”. A simpatia de Reese e de seus companheiros, por mais que sejam vistos como estereótipos perfeitamente definidos, consegue que o espectador seja contagiado pela farsa durante a projeção. Ou mesmo dê gargalhadas em alguns momentos como a que presenciei na sessão em que estive.


Os produtores, especialmente de Hollywood, sabem que a maioria do público que vai ao cinema pensa apenas em fazer o que se chama de “higiene mental”. Se este objetivo provoca piadas ácidas de alguns críticos, a verdade é que ainda estabelece uma ponte para o público que paga ingresso e, mais tarde vai adquirir o DVD para ver em casa ou assistir ao filme em horário especifico da TV (fechada e, mais tarde, na aberta). Tudo é fonte de renda, e, atualmente, a indústria cinematográfica não hesita em optar pela busca do lucro sabendo dos custos cada vez mais altos da produção e as opções de lazer de seus consumidores, não só em derivativos como na própria área do cinema com o acesso do mercado pirata.


“Como Você Sabe” pode ser prescindível a quem mede seu tempo de ir a cinema. Mas não é programa intolerável. E o gênero tem recorrido a isso como vimos recentemente em “Sexo por Conveniência” (filme em que Anne Hathaway desafia a censura inutilmente).


Confesso que me diverti com as peripécias dos tipos. O interesse também é olhar além do formato narrativo, para as versões subjacentes nas entrelinhas dos discursos que a sociedade explora sobre a “idade crítica” de um atleta homem e uma mulher. Talvez haja mesmo um atrativo na banalidade quando se procura tanto a novidade.

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