quarta-feira, 20 de julho de 2011

OS PINGUINS DE JIM CARREY



Exemplo típico de comédia “all family” bem a gosto do público norte-americano é este “Os Pingüins do Papai” (Popper’s Penguins/EUA,2011) ora em cartaz só em cópias dubladas (sem opção aos que não gostam desse tipo de gravação). O argumento trata do arquiteto Popper(Jim Carrey), executivo de uma empresa especializada em derrubar prédios antigos e construir estruturas modernas. É tipo um corretor de imóveis para as grandes firmas, no caso, a que o emprega há muitos anos. Separado da esposa (Carla Gugino) e pai de um casal de filhos, ele não tira da memória o pai aventureiro, uma espécie de Indiana Jones que vive viajando, mas sem esquecer-se de se comunicar com ele pelo rádio. Certo dia, ao chegar ao seu apartamento de luxo, Popper recebe uma encomenda, uma caixa que segundo um inventariante dos bens do pai, é uma surpresa para o filho. Ao abri-la espanta-se com um pingüim devidamente acomodado em mala especial com gelo. Logo a rotina do apartamento tem de se acomodar com a ave irrequieta. E quando Popper está propenso a solucionar o “modus-vivendi” chegam mais pingüins. Os filhos, uma adolescente (Madeline Carrol, de “O Primeiro Amor”) e um garoto (Maxwell Perry Cotton), adoram os animais, mas é o pai quem se torna alvo das trapalhadas criadas por eles. O fato, que logo recebe oposição (e uma imposição para que as aves sejam endereçadas ao zoológico), acaba renovando um sentido de família que Popper havia perdido. Há um plano sugestivo dele, esposa e crianças ao lado dos pingüins numa “pose” que faz a vez de um retrato familiar.

O roteiro de Sean Anders e John Morris vem de um livro lançado em 1938 por Florence de Richard Atwater. Não sei se nele existia um vestígio de comédia social de Frank Capra, como os sócios da empresa em que Popper trabalha e uma milionária que decide o destino de um prédio (a veteraníssima Angela Lansbury , 87 anos). Mas os elementos são dosados especialmente visando os pequenos espectadores. O sentido de família que se encontra com as peripécias do pai que acima de tudo respeita a memória de seu próprio pai é edificante. E não está à toa na trama. A acolhida da esposa ao lar, já divorciada e na iminência de um novo romance, é uma conseqüência da situação criada pelo advento dos novos “hospedes” da casa. O certo é que “a família que gosta de animais é família unida”. Brigitte Bardot, emérita protetora de toda espécie de bicho, deve gostar.

Mas a questão também se incorpora em outra evidência – a relação de fidelidade dos pinguins aos que o cercam familiarmente. E isso o pai de Popper havia colocado em uma carta ao filho, daí o presente, e que só foi encontrada e lida no final do filme.

Jim Carrey interpreta um tipo ao seu caráter de ator. Podia ser um Ace Ventura, extremamente careteiro, mas, ao que parece, ele já se vacinou de uma figura constrangedora de comédia. Depois de interpretar papéis marcantes como em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” ou de expor coragem desafiando preconceitos em “O Golpista do Ano”(onde protagoniza um homossexual), o ator parece um pouco contido nas suas expressões faciais. Isto ajuda na construção do tipo que interpreta. O que deixa no espectador certas indagações é com referencia ao enredo. Sofrendo com a postura dos pingüins que além de derrubarem tudo numa sala bem arrumada, de inundarem um quarto e “sujarem” até seu dono, por que não resolver logo a situação e levá-los ao zoo? Claro que se assim fosse não haveria filme nem a recomposição familiar. Mas se o livro original dispensa esse detalhe o que se quer é justamente o reencontro, a moral de fábula que se pode ler como “a família que atura pingüins unidos permance unida”. E se a coisa fosse para exibir metáfora, podia se pensar que animais de região gelada serviam para diluir “o gelo” entre seus donos.

O diretor Mark Waters, de “Meninas Malvadas”, dá o seu recado. Controla Jim Carrey, põe a garotada para um desempenho sem arroubos de genialidade e deixa com a turma dos efeitos especiais os pingüins que dançam e recusam peixe (?).

Um filme destinado a um público específico. Mas que pode ser assistido por qualquer faixa etária.

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