Logo após a chegada do homem à lua, na Apollo 11, começaram a surgir boatos de que tudo o que se viu na TV, direto do satélite, havia sido montado em estúdio de cinema. E mais: que um grande diretor havia regido a farsa: Stanley Kubrick. Em seguida, foi produzido o filme “Capricornio Um”(Capricorn One, EUA, 1978), lançado agora em DVD no Brasil. Observava que a disputa entre norte-americanos e russos, afinal a causa da missão Apollo e do boato anterior, gerava uma suposta viagem ao planeta Marte, mas desta vez, era enviada uma nave sozinha e deixava-se os astronautas, prodigamente retirados do engenho, acampados em um lugar guarnecido pelo governo no deserto do Arizona. Eles ficariam lá até que a nave retornasse, quando, estrategicamente, eram jogados ao mar para se infiltrar na capsula que chegara do espaço. Tudo como se tivessem viajado. Ocorre que a viagem de volta da nave espacial é desastrosa. Todo mundo sabe que ela havia queimado. E os pobres astronautas, ao tomar conhecimento do fato, são obrigados a fugir, pois sabem que serão sacrificados (já que estão “oficialmente mortos”).
Esse prólogo é para inserir o espetaculo de “Transformers 3: O Lado Oculto da Lua”(Transformers, Dark of the Moon/EUA,2011). Neste caso, os astronautas que de fato viajaram na Apollo 11, acham no lado escuro do satélite, os restos de uma gigantesca nave espacial. O fato ganha, na Terra, o acirramento dos ânimos dos robôs antagônicos: os Autobots e os Decepticons. Pelos filmes anteriores sabe-se que os primeiros são ligados ao bem. Os outros são vilões. E então começa a batalha. Ambos querem chegar à lua para se inteirar dos alienígenas e, com isso, arranjar meios para prosseguir uma batalha na Terra que decidirá o futuro da humanidade.
Esta “jóia” de imaginação coube a Eheren Kruger. E o diretor Michael Bay achou espaço suficiente para realizar o seu cinema, aquele que se dedica ao CGI, com os computadores atuando para mover gigantes de lata e derrubar tudo o que está na frente (ou em volta).
O filme é o que se pode chamar de “inteligência zero”. Quem frequenta cinema para pensar não consegue nem mesmo se concentrar que está numa sala de cinema. A barulhada é tão grande que se os tímpanos suportarem, o melhor é fugir pela porta mais próxima antes de se sentir vitima de um Decepticon.
A desculpa para um tipo de filme sem conteúdo e apenas artesanalmente correto (desde que se considere o mover da estrutura gigantesca que molda o tipo de produção) é a tender as platéias juvenis que vão a cinema como vão ao parque de diversões. E os donos do cinema-negócio sabem que isso representa a maioria que paga ingresso. Nos EUA, só em 3 dias, o filme rendeu mais de U$37 milhões, com a soma chegando a US$97 milhões contando-se o mercado próximo (inclui-se o Canadá). Certamente é a grande bilheteria da estação. Não adianta a critica, em sua unanimidade, dizer que Michael Bay (diretor) nunca acreditou em cinema como arte nem que o roteiro exiba algum ponto original ou capaz de sugerir polêmica. As máquinas incitam o vigor de quem gosta de games e isso é o que interessa para quem quer colocar espectadores para encher as salas.
“Transformers” ainda lucra com o mercado de brinquedos. Os meninos gostam de armar robôs a partir de carros. Por sinal que os dois filmes comerciais de verão em cartaz são todos dedicados aos garotos: ”Carros” e este “Transformers 3”. As meninas sobram. E eu pergunto se elas não formam platéia. Claro que as “comédias românticas”(cabe as aspas) recentes não são, propriamente, para meninas. Em flagrante preconceito a indústria de cinema aposta no machismo. Com uma metáfora curiosa: ela própria é um robô. Quem sabe um, arredondando o termo, “decepção”.
“Filosofar” sobre essas máquinas de um jogo interplanetário pode até levar a um caminho denotando o vazio da cultura da geração atual. Ocorre que não se pode juntar todo mundo num mesmo “perfil”. Há os inteligentes, os que preferem pensar. Felizmente. E viva a diversidade!
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