sábado, 5 de janeiro de 2013

EM TORNO DOS MEUS MELHORES


Drive” (Idem, EUA, 2011) de Nicolas Winding Refn, com Ryan Gosling.
 

Continuo as referências sobre os melhores filmes que escolhi em 2012. Em terceiro lugar indiquei: “A Separação” (Jodaeiye Nader az Simin, Irã, 2011) de Asghar Farhadi. História ambientada na capital iraniana e contempla o desejo de uma mulher em deixar o país ao reconhecer que este não oferece um ambiente propício ao desenvolvimento da filha. Seu marido não aceita viajar devido ao pai doente de Alzheimer. A tensão começa pela disputa judicial da adolescente e o dilema do casal em como resolver a questão do idoso. (...) Entre o drama afetivo e o desejo de mudança, os emblemas constroem a odisséia de pessoas comuns, vivendo rotinas supostamente sem grandezas e dificeis de serem reconhecidas em sua importância. São dramas cotidianos sem heróis nem perdedores, mas tão humanos que devem ser resolvidos. Quem vai decidir é o espectador do filme.

“O Artista”(The Artist, França, 2011), de Michel Hazanavicius, foi o quarto lugar na lista. No filme considerei que o cinema é magia e também é mágica. No primeiro caso, produz efeitos e influencia comportamentos e sentimentos, muitas vezes não racionais. No segundo, cria  ilusões por meio de truques, que reportam ao ilusionismo com a percepção do fantástico. (...) “O Artista” tem-se esses dois momentos. (...) Mostra não só a tensão entre o cinema mudo e o falado, mas a conexão de todos os demais engenhos de uma arte que até hoje ousa apresentar tecnologias de ponta para conviver com os elementos agregados.

No quinto lugar, destaquei “Intocáveis” (Intochables, França. 2012) de Olivier Nakache e Eric Toledano. O filme dimensiona a solidão de dois excluidos sociais, independente de classe social. Phillipe tem recursos que podem contratar o cuidador que bem quiser, não tem, entretanto, alguém que o trate despojado de piedade (...). Por outro lado, desprovido de recursos – financeiros, culturais e de instrução - , Driss (Sy) circulando em um mundo marginal pelas condições da vida, mas acima de tudo, sendo alvo de discriminação por ser um imigrante estrangeiro. A proximidade (...) revela-se importante visto que cada um passa a conhecer melhor o mundo do outro. (...) O filme mostra que a vida pode não ser a que gostariamos que fosse, mas é possivel mudar o rumo para uma sobrevivência onde o afeto é necessário.

No sexto lugar escolhi “Um Conto Chinês” (Um cuento chino, Espanha/ Argentina, 2011), de Sebastian Borensztein. A incomunicabilidade entre duas pessoas com vidas e culturas diferentes se desfaz na infinita sabedoria da aproximação e do reconhecimento de que o apoio humano revela-se mais fantástico do que a situação que os aproximou.

No sétimo lugar indiquei “O Garoto da Bicicleta” (Le Gamin au Veló/França, 2011), de Jean Pierre e Luc Dardenne. O roteiro, dos diretores, procura uma linha introspectiva fugindo do melodrama, na visão profunda do comportamento de um menino órfão de mãe e abandonado pelo pai. (...) A narrativa usa pouca música incidental (...), câmera insistentemente manual, e a evidência da bicicleta como a relíquia herdada e, afinal, a marca de um tempo menos sofrido.

No oitavo lugar está “Precisamos Falar Sobre Kevin” (We Need to Talk About Kevin, EUA,Reino Unido, 2011).  (…) Poucos filmes possuem uma pesquisa de linguagem como a que se vê neste trabalho da escocesa Lynne Ramsay. (...) A complexidade do tema ganha correspondência na forma como é tratada. Mas a constante inclusão de flash-backs não impede que se acompanhe com certa emoção o drama do garoto rebelde e da mãe que se amedronta diante de seu temperamento e das suas atitudes. (...)

“Pina” (idem, Alemanha, 2011) de Win Wenders foi o  nono lugar . (...) A técnica de edição inventada pela expressão criativa de Wenders evoca a profundidade de campo pouco provável em 2D. (...) O filme focaliza um palco. Abre-se o pano, os bailarinos surgem, uns próximos, outros mais longe da câmera, interagindo sobre imagens de cenários teatrais ou “vistas” de diversas cidades, campo ou praias. (...) O que importava para Pina e o que Wenders mostrou  foi o trabalho do conjunto.

O décimo lugar coube a “Drive” (Idem, EUA, 2011) de Nicolas Winding Refn. A narrativa não se embrenha em voltas no tempo ou momentos de reflexão de algum figurante. O estilo é bem “noir” (...) O filme  foge do clichê (...). É a aura de um personagem que instiga a ver um tratamento diferenciado naquele mundo que não parece caótico porque, pela suposição do espectador, a defesa da honestidade profissional interpela os tipos que marcam a personalidade do “driver”.

 

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