quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

PSICOPATAS DE CINEMA


 
O primeiro plano de “Sete Psicopatas e um Shih Tzu”(Seven Psycophats, EUA, 2012) é o “cartão postal” de Hollywood (as letras sobre o morro). Daí a câmera desloca-se para o principal personagem, Martin (Colin Farrel) o inexperiente escritor que está decidido a escrever o roteiro de um filme em que aparecem psicopatas assassinos. Ele pretende achar sete personagens do tipo e a sua pesquisa é visualizada não só em flahses de sua memória como a dos amigos Billy (Sam Rockwell) e um ator desempregado chamado Hans (Christopher Walken), os dois últimos especializados em roubar cães e depois entregá-los aos donos cientes de que receberão vultosa recompensa.

O quadro de fatos bizarros é muito rico em situações e tipos imaginados principalmente por Billy. Entre os psicopatas concebidos encontram-se também os verdadeiros, além do próprio Billy, revelado aos poucos como um insano amante de extrema violencia. Outro que surge é o mafioso Charlie (Woody Harrelson), acometido de furia ao constatar que roubaram o seu cachorro de estimação.
O diretor Martin McDonah, também autor do roteiro, não hesita em mostrar o banho de sangue das historias imaginadas ou vividas por seus personagens. A fórmula “tarantiana” (de Quentin Tarantino) tenta deixar o viés cômico que o cineasta deseja. É aquela fórmula de fazer rir de tanto absurdo. E tenha-se como absurdo todas as tramas mostradas. Em uma delas, amenizada por Hans quando deseja que o matem para encontrar no outro mundo sua esposa, assassinada por Charlie, um vietnamita teria matado uma prostituta e depois se vê que o fato não foi bem assim, que ele acabou voltando para o Vietnam e se imolado como aqueles monges que atearam fogo no próprio corpo. Ou seja, os fatos mostrados, encadeiam-se em outras situações e criam a ênfase para além do imaginado.

Como para lembrar o eixo das situações há sempre uma bandeira norte-americana tremulando em segundo plano de cenas importantes. McDonah toca na ferida hoje mais ativa com os massacres acontecidos no final do ano em cidades dos EUA (especialmente o da escola que foi palco do assassinato de muitas crianças). Os criticos do ponto de origem do filme gostaram muito do que viram. E ressaltaram a hablidade do jovem diretor em fazer ironia com tragédias. O roteiro desejado pelo escritor/roteirista Martin/Farrel objetiva, certamente, os aplausos de produtores roliudianos, a exemplo, de um filme que assisti recentemente em DVD, “Every Day”(Uma Segunda Chance, EUA, 2010), cuja trama situa um autor desse tipo de enredos tendo que agradar a um chefe que exige sadismo e, para não perder o emprego, luta com dramas pessoais.

Os psicopatas de cinema são muitos e não é à toa que “7 Psicopatas...”situa a ação em Hollywood. Muitos “serial killers”já foram mostrados e alguns com requintes tenebrosos como o caso das etapas de “Jogos Mortais”. E não é preciso ir muito longe: um tipo desses foi a estrela de um dos filmes mais comentados do mestre Alfred Hitchcock: o vivido por Anthony Perkins em “Psicose”. A diferença é que os verdadeiros autores de filmes sentem-se responsáveis pelo que fazem e não apenas tentam cativar estudios produtores.

O filme de Martin McDonah  foge ao que o cinemão tem postado ultimamente muito ao gosto do espectador médio onde os atores jovens não saem mais do quarto ou não expressam mais uma idéia inteligente preferindo dosar uma comédia pela linha mais vulgar possivel ficando nas entrelinhas a própria fragilidade com que o cinema tem sido visto pela grande indústria. E o que é importante, “7 Psicopatas...” está à disposição de uma crítica a esses enredos que vislumbram assassinos por todo canto sem medir a visão de que os proprios responsáveis por isso espelham as sandices. A comparação com uma narrativa a là Tarantino é, a meu ver, um grande elogio a essa comédia que por sinal venceu o prêmio Midnight Madness no Festival de Toronto em 2012. O público inteligente não deve deixar de assistir ao filme.

Encerrando, e para atender ao pedido de leitores, solicito que a rede CINÉPOLIS programe a exibição de “A Negociação” nas suas salas do centro da cidade, haja vista que o filme esteve apenas no Parque Shopping, acesso impossivel a muitos cinéfilos. Assisti por lá e o mesmo será objeto de comentário na próxima coluna. Um programa muito interessante em inicio de ano, porque também de crítica ao capitalismo norteamericano e às maracutaias das empresas para dourar lucros inexistentes.

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