O primeiro plano de “Sete
Psicopatas e um Shih Tzu”(Seven Psycophats, EUA, 2012) é o “cartão postal” de
Hollywood (as letras sobre o morro). Daí a câmera desloca-se para o principal
personagem, Martin (Colin Farrel) o inexperiente escritor que está decidido a escrever
o roteiro de um filme em que aparecem psicopatas assassinos. Ele pretende achar
sete personagens do tipo e a sua pesquisa é visualizada não só em flahses de
sua memória como a dos amigos Billy (Sam Rockwell) e um ator desempregado
chamado Hans (Christopher Walken), os dois últimos especializados em roubar cães
e depois entregá-los aos donos cientes de que receberão vultosa recompensa.
O quadro de fatos bizarros é
muito rico em situações e tipos imaginados principalmente por Billy. Entre os
psicopatas concebidos encontram-se também os verdadeiros, além do próprio
Billy, revelado aos poucos como um insano amante de extrema violencia. Outro
que surge é o mafioso Charlie (Woody Harrelson), acometido de furia ao
constatar que roubaram o seu cachorro de estimação.
O diretor Martin McDonah, também autor do roteiro,
não hesita em mostrar o banho de sangue das historias imaginadas ou vividas por
seus personagens. A fórmula “tarantiana” (de Quentin Tarantino) tenta deixar o
viés cômico que o cineasta deseja. É aquela fórmula de fazer rir de tanto
absurdo. E tenha-se como absurdo todas as tramas mostradas. Em uma delas,
amenizada por Hans quando deseja que o matem para encontrar no outro mundo sua esposa,
assassinada por Charlie, um vietnamita teria matado uma prostituta e depois se
vê que o fato não foi bem assim, que ele acabou voltando para o Vietnam e se
imolado como aqueles monges que atearam fogo no próprio corpo. Ou seja, os
fatos mostrados, encadeiam-se em outras situações e criam a ênfase para além do
imaginado.
Como para lembrar o eixo das situações há sempre
uma bandeira norte-americana tremulando em segundo plano de cenas importantes.
McDonah toca na ferida hoje mais ativa com os massacres acontecidos no final do
ano em cidades dos EUA (especialmente o da escola que foi palco do assassinato
de muitas crianças). Os criticos do ponto de origem do filme gostaram muito do
que viram. E ressaltaram a hablidade do jovem diretor em fazer ironia com
tragédias. O roteiro desejado pelo escritor/roteirista Martin/Farrel objetiva,
certamente, os aplausos de produtores roliudianos, a exemplo, de um filme que
assisti recentemente em DVD, “Every Day”(Uma Segunda Chance, EUA, 2010), cuja trama
situa um autor desse tipo de enredos tendo que agradar a um chefe que exige
sadismo e, para não perder o emprego, luta com dramas pessoais.
Os psicopatas de cinema são muitos e não é à toa
que “7 Psicopatas...”situa a ação em Hollywood. Muitos “serial killers”já foram
mostrados e alguns com requintes tenebrosos como o caso das etapas de “Jogos
Mortais”. E não é preciso ir muito longe: um tipo desses foi a estrela de um
dos filmes mais comentados do mestre Alfred Hitchcock: o vivido por Anthony
Perkins em “Psicose”. A diferença é que os verdadeiros autores de filmes
sentem-se responsáveis pelo que fazem e não apenas tentam cativar estudios
produtores.
O
filme de Martin
McDonah foge ao que o cinemão tem
postado ultimamente muito ao gosto do espectador médio onde os atores jovens
não saem mais do quarto ou não expressam mais uma idéia inteligente preferindo
dosar uma comédia pela linha mais vulgar possivel ficando nas entrelinhas a
própria fragilidade com que o cinema tem sido visto pela grande indústria. E o
que é importante, “7 Psicopatas...” está à disposição de uma crítica a esses
enredos que vislumbram assassinos por todo canto sem medir a visão de que os
proprios responsáveis por isso espelham as sandices. A comparação com uma
narrativa a là Tarantino é, a meu ver, um grande elogio a essa comédia que por
sinal venceu o prêmio Midnight Madness no
Festival de Toronto em 2012. O público inteligente não deve deixar de assistir
ao filme.
Encerrando, e para atender ao pedido de leitores,
solicito que a rede CINÉPOLIS programe a exibição de “A Negociação” nas suas
salas do centro da cidade, haja vista que o filme esteve apenas no Parque
Shopping, acesso impossivel a muitos cinéfilos. Assisti por lá e o mesmo será
objeto de comentário na próxima coluna. Um programa muito interessante em
inicio de ano, porque também de crítica ao capitalismo norteamericano e às
maracutaias das empresas para dourar lucros inexistentes.
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