sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DOIS FILMES MARCANTES NOS “EXTRAS”





O final de semana traz dois filmes que estão inscritos na história do cinema como parte da programação efetuada pela ACCPA: “Dr. Fantástico” e “Casamento ou Luxo”.
“Dr Fantástico ou Como Aprendi a Não me Preocupar e a Gostar da Bomba”(Dr Strangelove or how I learn to stop worryng and love the bomb/EUA,1964) é uma versão em sátira de “Red Alert”, o livro de Peter George filmado no mesmo ano de seu lançamento (1964) por Sidney Lumet com o título de “Limite de Segurança”(Fail Safe, EUA, com Henry Fonda, Walter Matthau, Larry Hagman.). A época era de guerra fria entre os EUA e a URSS e George vislumbrava um cochilo militar que permitia um bombardeio atômico em Moscou. Ao saber do fato, o presidente norte-americano entra em contato com o colega soviético e recebe a noticia de que na Rússia há um regulador que permite o envio de bombardeio com artefato nuclear em direção a Washington na hora em que o acontecimento se tornar realidade. Vale dizer que o mundo tende a pegar fogo desde que não se alerte o comando do avião que leva a bomba para que volte à base. Mas até aí a situação é complicada: percebendo qualquer falha de comunicação numa guerra, os aviões portadores de artefatos atômicos são destinados a não receber qualquer ordem após decolagem.

O filme de Sidney Lumet tinha roteiro de Walter Bernstein, Eugene Burdick e Harvey Wheeler. Para o filme de Stanley Kubrick, o “Dr Strangelove”(Estranhoamor), essa função ficou com Terry Southern (de “O Colecionador” e “Barbarella) e Peter George, que participou também como conselheiro do “script” de “Limite de Segurança”. Quer dizer: o que era visto como terror moderno no outro exemplar passou a ser “terrir”. Ou seja, adentrou um outro gênero. E Kubrick usou o talento de Peter Sellers que protagoniza mais de um tipo (são três, ao todo: o de presidente dos EUA, o do comandante Mandrake, e do Dr. Fantástico, um cientista criado no nazismo que ainda faz saudação ao “fueher”).

Há muitas menções engraçadíssimas que diluem o medo de uma guerra apocalíptica. Uma delas é quando soltam a bomba sobre Moscou e um soldado vai montado nela como bom cow-boy. Há também o plano final onde se vê centenas de cogumelos atômicos sobre o planeta sublinhado com uma canção que trata de um novo mundo. É antológico.

“Dr Fantastico” fará a Sessão Cult do Cine Libero Luxardo (Centur), no sábado, 25, às 16 h. Essa sessão será dedicada pelos membros da ACCPA à memória do ator inglês Peter Sellers por marcar, este ano, 30 se sua morte. Sellers foi um dos grandes intérpretes do cinema, a exemplo do que fez em comédias como “Um Rato que Ruge”(The Mouse That Roared/1959) e “A Pantera Cor de Rosa”(1963) que em 1965 recebeu o BAFTA.

O outro filme que merece atenção do público mais exigente é “Casamento ou Luxo” (A Woman of Paris/EUA, 1923), este, um clássico, de Charles Chaplin. Para realizá-lo, o grande comediante achou por bem editar um prólogo em que explica não se tratar de uma comédia. Seguindo a moda dos melodramas nesta fase do cinema mudo, trata muito bem a historia de uma jovem francesa que resolve fugir com o namorado contrariando os pais e se desencontra dele, acabando em Paris sem ter meios de se manter. Logo ela se torna uma cortesã e como tal vai reencontrar a mãe e o amado em circunstâncias trágicas.

Edna Purviance, atriz de muitos filmes curtos de Chaplin, interpreta o papel-título (original). Adolph Menjou, veterano ator de centenas de filmes mudos e sonoros, teve um papel destacado. O ator Carl Miller é o galã. Um sucesso de um tempo que deu à indústria do cinema o recado do realizador, tido como incapaz de ser versátil e sempre parecer um “palhaço” (era comum chamar de “clown” quem realizava comédia visual, gênero alvo de certo preconceito).

Conhecer este filme é importante. E poucos conhecem. Exibição no Cinema Olympia, domingo, às 16 h., fazendo a Sessão Cinemateca/ACCPA.

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