quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AMOR E OUTRAS DROGAS




Resisti o que pude para assistir a “Amor e Outras Drogas” (Love and Others Drugs/EUA<2011) a quando de seu lançamento inicial. Minha suposição era de que o filme de Edward Zwick (de “O Último Samurai”e “Diamante de Sangue”) contribuisse para o “lugar comum”. Mas me surpreendi ao resolver assistí-lo. A comédia romântica moderna perdeu a inocência do que criava, por exemplo, um diretor da estirpe de Howard Hawks, montando ardilosas comédias para o desempenho de figuras do “star system” norteamericano como Cary Grant & Katherine Hepburn. Hoje, com a ausência da censura dos estúdios, existente na época citada (o chamado “Código Hayes”, da década de 1930 a 60) é possivel abordar esse gênero evidenciando maiores intimidades entre o par, optando por um conteúdo em meio a fórmula “boy meet girl”(rapaz encontra moça).

“Amor e Outras Drogas”, adaptação livre da obra “Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman“, de Jamie Reidy, focaliza a atitude de amie(Jake Gyllenhaal) estudante de medicina que no final dos anos 1990 agrega emprego de vendedor com multiplas funções em uma loja, sempre “dando em cima” das garotas. Até indispor-se com seu chefe por assediar a esposa deste. Procurando novo emprego, encontra vaga como representate comercial de remédios na empresa farmaceutica Pfizer, dentro do esquema que essas companhias utilizam para ampliar seu comércio em confronto com as concorrentes. Certo dia, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), garota de 26 anos, independente, que vive longe da família procurando manter-se às suas próprias custas, e dessa forma pagar a sua educação universitária.

Iniciando uma relação sem grande romantismo os dois prosseguem no convivio mais físico pela própria filosofia que comungam, ela, por um motivo especial e ele pela sua própria forma de convivência.

Usando truques para vender os produtos, Jamie consegue safar-se das suas incumbências, mas certo momento a Pfizer lança o Viagra, medicamento que tem um objetivo, daí subindo nas vendas e com isso promovendo seus funcionários. Mas, apesar do casal não ter problemas com o relacionamento sexual ela é portadora de Parkinson e, num congresso médico, ele tem ciência de como a doença evolui para uma completa dependência, chegando à necessidade de auxilio nas mínimas situações até chegar à morte. Isto faz com que Jamie se afaste de Maggie. Mas não tarda a perceber que entre males físicos e as conquistas farmacêuticas está, acima de tudo, o amor. E procura desesperadamente a sua parceira que já está em busca de um novo sócio para continuar, como ela diz, “vivendo o presente porque não se pode viver apenas em função do futuro”.

Com um argumento interessante a intérpretes carismáticos, o filme evolui acima da média das chamadas “comédias românticas”. Há, inclusive, bons momentos de linguagem, com enquadramentos que enriquem a forma de abordar o relacionamento do casal (há o plano em que as personagens se acham cada uma em uma extremidade do quadro discutindo suas situações como a dizer, “cada um na sua”). Mas o que salta para o público de forma impressiva é a entrega de atores famosos aos seus papéis. Anne aparece nua e simulando uma relação sexual, recurso impensado por atrizes do passado que em nome do realismo aceitavam dublês para o tipo de sequência. Isso diz da confiança que o diretor de 59 anos depositou na equipe, demonstrando a seriedade de seu propósito. E de fato o filme foge a muitos esquemas desse tipo de produção comercial. Fosse antes haveria um meio de melhorar ou curar a mocinha. Não se alerta a nenhum milagre médico. Chega-se a criticar atendimentos como ele buscando especialistas para a doença dela em outros estados e enfrentando filas sem sucesso.

O humor em “Amor e Outras Drogas” é o recurso para fugir do trágico – ou do melodrama. E só é atingido pela química dos intérpretes. Fator que afinal de contas move o filme, fazendo-o mais interessante do que a linguagem em si, apesar dos achados momentâneos mencionados, nunca acima da fórmula padrão que assedia a platéia.

Tanto Anne Hathaway como Jake Gyllenhaal foram candidatos ao Globo de Ouro de comédia &musical.

REGISTRO

Quinze anos é uma data marcante. E hoje, Ana Paula Álvares Costa entra nesse mundo mágico, ela que já cria as fantasias para se tornar uma futura escritora. Sem festas, mas comemoração familiar, ela ouvirá os parabéns de seus queridos e verdadeiros amigos. Beijo grande, Paulinha! E que Deus te abençôe.

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