É costume dizer que o veterano diretor Alfred Hitchcock(1889-1980) foi o mestre do suspense. E o que seria isso? Em filmes desse cineasta inglês que ilustram o adjetivo são, posso exemplificar, entre outros: “Pacto Sinistro”(Stranger in a Train), “O Homem Errado”(The Wrong Man), “Um Corpo que Cai”(Vertigo), e, como o mais citado, “Piscose”(Psycho). A fórmula usa de estratagemas que coloquem o principal personagem em perigo e faça com que o espectador comungue com ele do pavor gerado pela situação perigosa.
Tomo o tema emprestado, hoje, a propósito da exibição no próximo domingo (6), na Sessão Cinemateca da ACCPA, no cinema Olympia (16 h), do filme “A Vida Por um Fio”(Sorry, Wrong Number/EUA,1948) do diretor ucraniano Anatole Litvak, com roteiro de Lucille Fletcher, baseado em uma radio novela de sua autoria.
No filme de Litvak o enredo trata de uma milionária paraplégica (Barbara Stanwyck) que ao procurar o marido (Burt Lancaster) pelo telefone e, graças à linha trançada, ouve uma conversa de pessoas que pretendem matar alguém. Continuando a ouvir ela percebe que este alguém é ela própria. E como os futuros assassinos falam da hora do crime, ela intensifica a busca pelo marido, mas sempre de forma infrutífera. O espectador sabe que a personagem está em perigo e o relógio constantemente focalizado avisa que este perigo está cada vez mais próximo. Está gerado o suspense. Cabe aos atores, especialmente a Barbara Stanwick, estruturar a emoção.
Graças à TV por assinatura assisti recentemente um filme que me parece ter sido feito para a TV, de título “Sem Vestigio”(Ultraceable/EUA,2008). A situação explorada é sobre um assassino serial que ataca pela internet, armando os crimes de forma a que o navegador acione as armas assassinas de seu próprio micro. Lembra a série “Jogo de Matar”, mas o sadismo não ganha um objetivo como nessas produções de baixo nível. Neste exemplar é o uso da tecnologia como arma de ataque e também de defesa, pois a protagonista da historia tem de usar de meios para alcançar o sítio de onde chegam as mensagens do criminoso antes que os que acessam a rede acabem, pelo numero de mensagens enviadas, acionando os engenhos matadores. Trama vinda de um roteiro de Robert Fyolent, Mark Brinker e Alison Brinker com direção de Gregory Hobit.
Dentre os mais novos exemplares do gênero o que me parece mais feliz no modo como atinge o objetivo de levar o espectador para a cumplicidade com a “hora trágica” é “Celullar”(EUA, 2005), de David Lewis, com roteiro de Larry Cohen. Neste caso, a figura central é a mãe de um menino de 11 anos que é seqüestrada para contar segredos que o marido guarda em um cofre. Ela consegue armar um aparelho telefônico fragmentado que está no alojamento onde é aprisionada e liga aleatoriamente chegando ao celular de um rapaz que havia deixado amigos e namorada numa praia. Ao suplicar desesperadamente para ele contatar a policia, o interlocutor atende, e, com isso, dá inicio a uma cruzada de perigos que se avolumam quando se sabe que um dos vilões é policial.
O filme é um prodígio de edição e rendimento de atores. Pode-se aformar que a montagem é a grande ferramenta do suspense. Cortar e colar planos para com isso ganhar ritmo é indispensável na realização de um filme com a finalidade de empolgar o espectador. Não à toa que o “pai” da técnica, o russo Sergei Eisenstein, conseguiu sensibilizar o mundo com as seqüências do massacre na escadaria de Odessa em “O Encouraçado Potemim”.
Suspense é edição e edição de imagens é privilégio do cinema.
Em “A Vida Por um Fio” o cinéfilo encontrará todas as artimanhas para sentir o friozinho na espinha quando o elan do suspense tornar-se a medida de sua emoção. Não perca a sessão de domingo.
Em “A Vida Por um Fio” o cinéfilo encontrará todas as artimanhas para sentir o friozinho na espinha quando o elan do suspense tornar-se a medida de sua emoção. Não perca a sessão de domingo.
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