segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A MORTE E OS SÁBIOS – BENÉ NUNES



Nada que possa ser dito sobre o filósofo paraense Bendito José Viana Nunes em torno de suas obras, de seu conhecimento, de seu valor cultural subtraem sua imensurável simplicidade e sabedoria mostrando respeito pelo saber de outras pessoas.
Neste momento de seu falecimento quero registrar a sua presença efetiva nas atividades que Pedro Veriano e eu iniciávamos para criar e manter o então cine-clube da APCC com uma programação eficiente e diferente do que era exibido no circuito comercial. Junto com sua Maria Sylvia conseguiram a aproximação com a UFPA através do então Reitor José da Silveira Neto e não só foi criado o Centro de Estudos Cinematográficos, como este órgão associou-se ao CC-APCC nas sessões no Auditório do Teatro Martins Penna.

Mesmo sem uma sequencia de encontros presenciais, daí porque foi suspresa saber de sua morte, como filiados a uma rotina construída pelo bem do cinema alternativo paraense foi que mantivemos uma grande amizade.
Em dois momentos tivemos a certeza de seu respeito pelo que faziamos. Num, quando certo jornalista criticou a crítica do Pará, no caso, era só o Pedro Veriano em “A Província do Pará”. Sabendo que PV iria publicar uma resposta, Bené telefonou e aconselhou-o: “Não responda, é isso o que ele quer”. Fui à Província recolher o texto que já estava nas mãos do Wilson Corrêa e já diagramada.
Em outro momento, quando dois professores do NAEA não queriam receber um texto meu no qual eu procurava relacionar a linguagem do cinema às correntes teóricas positivista, estruturalista e dialética, então submeti à sua leitura, porque fiquei insegura. Ao ler o texto ele me aconselhou a manter meu trabalho e questionar a posição dos tais professores. Recebi a nota menor, mas mantive o trabalho acadêmico. Essa era a pessoa em quem eu confiava que me dizia não entender a postura da geração atual de universitários (quando dava aulas na graduação do IFCH/UFPA) que demonstrava não gostar de ler. Criticou também as políticas das agências acadêmicas que só priorizavam os professores com pós-graduação.

A alta competência do Bené deu-lhe uma pós-graduação maior ainda reconhecida mundialmente: a da sua experiência na criação de obras importantissimas da literatura, da filosofia, mostrando saber muito maior do que qualquer doutor oficialmente confirmado por essas agências.

Adeus Bené! Vá em paz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário