quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O BESOURO VERDE



Filme originário de uma série de rádio e TV da Harvey Comic de 1941 a 1949. Só depois é que atingiu os quadrinhos (de 1966 a 1967). E a fama surgiu pela estréia de Bruce Lee como Kato, protagonizando o amigo do herói, o milionário Britt Reid. Mesmo assim, “Besouro Verde” não atingu uma segunda temporada televisiva. Isso prova ou a baixa receptividade do público ou falta de patrocínio por essa situação. Contudo, o alcance para o cinema de alto custo é uma aventura comercial do ator-roteirista e co-produtor Seth Rogen, canadense que já realizou comédias comercialmente bem sucedidas como “Ligeiramente Grávidos” e “Virgem aos 40”, e fez dublagem em muitas animações como “Kung Fu Panda”, “Shrek 3” e “Monstros Vs Aliens”- além da série “Os Simpsons” na TV.

Seth Rogen convidou para a direção do filme um cineasta com pouco trânsito no gênero: o francês Michel Gondry, de “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças”(EUA, 2004). Para este intelectual, o projeto foi um desafio. Naturalmente um desafio com boa possibilidade de lucro. Mas o roteiro de Seth e Evan Goldberg não ajudou muito. O que eles pretenderam fazer foi uma comédia de ação que divertisse a garotada vidrada em videogame e uma platéia mais exigente, esta ligada a leve critica ao mito do super-herói e derrubando clichês como o do herdeiro simplório que acaba tendo sucesso.

A trama pode ser contada em poucas linhas: a morte de um magnata da mídia, James Reid (Tom Wilkinson) dá acesso ao poder a seu herdeiro, o mimado Britt, rapaz sem experiência em coisa alguma. Felizmente para ele surge o funcionário do pai, o chinês Kato (Jay Chou) com algum recurso pessoal como saber fazer um bom café. Por isso, ganhou a amizade do novo patrão. Este personagem, além da qualidade na cozinha, é um ótimo motorista e os dois passam a “brincar” de mocinho x bandido, Britt vestindo meia-máscara verde e se chamando de Besouro Verde e Kato como seu parceiro (e às vezes melhor na briga). O primeiro vilão que enfrentam é justamente o responsável pela morte do pai, o magnata, Chudnovsky (Christoph Waltz, a revelação de “Bastardos Inglórios”e o Oscar de coadjuvante por este papel).

A meta do filme é sintetizada na sequência em que heróis e vilões se encontram no jornal que pertence à família Reid. Todo o prédio é literalmente destruído: o super-carro do Besouro invade a sala de máquinas e sobe até a redação. Um prodígio de CGI que se completa com as perseguições nas ruas e os carros que se quebram e incendeiam. Estas tomadas de ação, apesar dos efeitos digitais, tiveram custo alto, com o filme gastando cerca de US$ 120 milhões. Em sua estréia, garatiu nas bilheterias US$ 30 milhões a até 10 de fevereiro só conseguiu somar US$ 92,405 milhões. Claro que vai alcançar as cifras de custeio com as rendas ao redor do mundo, mas é difícil sair uma segunda aventura desse herói. O que falta em meio a um exército de técnicos e dublês é justamente um roteiro com originalidade.

Apesar de apelar para o humor, o filme não difere da média das produções de meio de ano objetivando atrair os espectadores com menos de 17 anos. A ingenuidade é flagrante e qualquer criança sabe como será o final da história. A torcida pelo herói, um tipo que nada tem de carismático é dificil. Na verdade, quem emerge nas cenas de ação é o ajudante Kato, um desempenho aceitável de Jay Chou, ator que veio de Tawain, onde mora. Pode-se até brincar ou jogar as palavras ao dizer que o “besouro” só conseguiu voar graças ao “empurrão” de uma vespa oriental.

Quanto ao diretor Gondri, respondendo às más criticas encenou uma defesa sobre ter aceitado o trabalho. Considerou também que um filme de baixo orçamento é até mais difícil de realizar, posto que é obrigado a compor o elenco com nomes famosos para obter financiamento bancário. Possivelmente suas razões são coerentes, mas a verdade é que depois desse “Besouro...” banal, o público que elegeu “Brilho Eterno...” como um dos melhores filmes da década fica na dúvida se o processo criativo foi dele ou de Charlie Kaufman, o roteirista que dividiu com ele a idéia original e, mais tarde, como diretor, realizou o excelente “Sinédoque Nova York”. Pelo menos até o momento Kaufman não auferiu “besouradas” da grande indústria.

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