domingo, 21 de novembro de 2010

APOSENTADOS PERIGOSOS




















A idéia não é nova: reunir personalidades de um determinado gênero (não só em cinema, mas também na literatura) e confrontar suas habilidades com o passar dos anos. Isto foi o que recentemente Sylvester Stallone conferiu em “Mercenários”(The Expandables), uma fórmula que Stan Lee usou nos quadrinhos reunindo super-heróis como Tocha Humana, Mulher Invisível, O Coisa e Mr. Fantástico. Ou como já se tentou até na comédia (Chaplin convidou Buster Keaton para acompanhar o velho palhaço em seu “Luzes da Ribalta”/Limelight).

No caso atual, em “RED, Aposentados e Perigosos” (RED/EUA, 2010), a dupla de roteiristas John e Erich Hoeber, jovens irmãos que limitavam sua experiência à TV, inspiraram-se nos quadrinhos de Warren Elis e Cully Hammer, também novatos, e chamaram para novas aventuras os tipos de filmes de ação como os vividos por Bruce Willis, Morgan Freeman e o versátil John Malkovich. Eles se defrontariam com outros veteranos atores de cinema, como Richard Dreyfuss e o quase centenário Ernest Borgnine. A turma ganharia como companhia feminina Hellen Mirren e Mary-Louise Parker. Curioso é que no grupo estão veteranos já contemplados com o Oscar como: Freeman, Mirren, Dreyfuss e Borgnine e o duas vezes candidato Malkovich (vencedor de prêmio de direção em teatro e ator tão respeitado que deu margem ao filme de Spike Jonze “Quero ser John Malkovich”).

A trama tem inicio quando o veterano agente da CIA, já aposentado, Frank Moses (Bruce Willis assumindo um personagem gêmeo do que viveu na franquia “Duro de Matar!) faz amizade com a telefonista do seguro social sua então amiga Sarah (Mary-Louise Parker) a quem reclama sistematicamente que seu cheque de pagamento não chegou e troca figurinhas sobre o recente romance que ambos lêem. Certo dia é atacado por um grupo de atiradores mascarados. Daí em diante ele vê que é necessário convocar comparsas que trabalharam ao seu lado em missões internacionais e desvendar um caso acobertado pela agência governamental com implicações ao atual candidato a vice-presidente dos EUA.

O que torna o filme interessante bem acima das bravatas guerreiras como o que fez Stallone, é a guinada para o “non sense”, o aspecto surrealista do roteiro, implicando não mais um simples episódio de ação – e no caso, derivado de uma HQ da DC Comics – mas em uma comédia que desliza o lugar-comum para “gags” de teor crítico.


O grupo RED (ou Retired Extremely Dangerous) encontra vilões de sua idade. Mas o hilário é a inclusão de um espião russo, Yvan Simanov (Brian Cox) que se tornara amigo dos agentes norte-americanos, requisitado para desvendar uma parte da intrincada confusão haja vista que é suposta a caça aos que estiveram numa certa missão em país sul-americano. O ex-vilão hoje camarada desta vez está longe da “guerra fria” dos anos 60 e também aposentado. De alguma forma ele figura num escalão do governo. Extravagância que já foi usada em alguns filmes de ação, um recurso que dilui a carga de estereótipos pelo menos na sua pintura profissional (criminoso agora pode não incorporar nem mesmo a cara de bandido...). E outra coisa: o vilão mais proeminente não é idoso. Vale dizer que o “poder velho” desafia quem fisicamente pode derrubá-lo.


O diretor Robert Schwentke tem em seu currículo “Plano de Vôo”, aquele suspense em que Jodie Foster caça bandidos dentro do avião que ela planejou como engenheira, e episódios da ótima série de TV “Lie to Me” (exibida no canal Fox ). Ele sabe conduzir as seqüências de ação e introduzir a graça sem forçar o enredo. Assim realiza um programa divertido de final de noite. E nada mais é pedido além disso.


Tenho lido opiniões rancorosas ao formato da comédia de suspense onde se inclui RED. Na verdade, saber onde cair é uma dádiva de quem conhece. Os anti-heróis estão soltos no filme. Chorar pra que?




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