terça-feira, 30 de novembro de 2010

A INFÂNCIA DO CINEMA


Comemorando o seu 1° aniversário, o Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem/Assis de Vasconcelos esquina da Av. Nazaré) exibe hoje, as 18h o documentário “Os Irmãos Lumiére”, produção da Fundação Lumiére que mostra os primeiros filmes gravados no aparelho Cinematographo, construído pelos irmãos Louis e Auguste Lumiére no final do século XIX. O documentário não tem a pretensão de ser didático. Apenas mostra, aos interessados em história do cinema, quais foram os filmes pioneiros da grande indústria, o que eles registraram e a forma que mostraram aos espectadores no pequeno café do Bairro dos Italianos em Paris, precisamente em 28 de dezembro de 1895.

O Cinematographo não foi o primeiro aparelho a explorar o fenômeno chamado “persistência retiniana”, ou a incapacidade do olho humano em discernir imagens que passam diante dele em certa velocidade (lembrem a palheta de um ventilador, que se torna invisível quando em movimento). Antes, muitas máquinas foram construídas perseguindo o efeito. E desde a invenção da fotografia (“fos”/luz, “grafis”/estilo, pincel), atribuindo-se ao francês Joseph Niépce em 1826, uma série de inventos tentaram colocar as imagens gravadas em movimento.


Na época em que os Irmãos Lumiére trabalhavam em seu aparelho, o norte-americano Thomas Edison exibia o seu Kinetoscopio, onde se viam fotografias animadas dentro de um caixa através de uma ocular e movimento de manivela, aperfeiçoando as experiências de Fulton, Plateau, Horner e Reynaud entre outros preocupados com tema. A diferença básica era a projeção. Os Lumiére produziram uma espécie de acoplagem do kinetoscópio com a lanterna mágica chinesa. Projetaram o movimento. Cinema vem de cinemática, a parte da Física que trata de movimento.


Mas os próprios inventores não acreditaram no seu projeto. Disseram que era “um brinquedo sem futuro”. Godard usou esta frase no seu filme “Desprezo” (Le Mépris). Na realidade, quem aperfeiçoou o invento foi outro francês, George Méliès, um empresário de mágicos que descobriu a forma de fazer fusões, dissolvência, diversos elementos da linguagem cinematográfica. E tudo acabou nas mãos de Edison que viu nessa corrida pelo que se chamou de cinema um meio de ganhar dinheiro. Foi ele quem criou a indústria do filme. Manteve nos bairros dos EUA pequenas salas de exibição que chamou de “Nickelodeon” (custava um níquel o ingresso) e conseguiu um meio legal de expulsar do país os que viesse filmar ali (inclusive a equipe dos Lumiére).


Nos anos 1920/1930 judeus imigrantes viram na indústria de Edison um meio lucrativo. Surgiram os grandes estúdios até hoje existentes: Paramount, Metro, Fox, Universal e em seguida Columbia e RKO.


Na França, o meio de difusão foi assumido pela Gaumont. Surgiram os primeiros filmes de longa metragem, os primeiros atores a ganhar notoriedade (inaugurando-se o “star system”/sistema de astros) e, já no final dos anos 20, o som ótico, ou seja, o som gravado na película.

Para tratar de todo o processo de criação do “primeiro cinema” (como são chamados os primeiros filmes realizados) o crítico Pedro Veriano estará logo mais a sessão do cineclube que leva o seu nome.

O cinema, a rigor, vai fazer 105 anos no final do mês de dezembro e antecipadamente, a data será comemorada agora. Com este evento, o CCPV fecha a série “Cinema sobre Cinema”.

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