segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CLÁSSICOS POPULARES














Nem sempre o filme multielogiado pela critica recebe respaldo no gosto do público. Os chamados “clássicos populares” muitas vezes ditam certa distância do que se escreveu sobre eles em colunas especializadas de jornais e revistas e, hoje, nos blogs especializados.

Mas o passar dos anos vem mostrando que o filme marginalizado ontem é revisado hoje com outros olhos. E os clássicos populares ganham o mercado de DVD para ficar na mesma prateleira de locadora onde estão os premiados ou ovacionados pelos estudiosos de cinema. A visão de mercado avalia os tipos de público de ontem que ainda hoje circulam nas salas exibidoras e que sem dúvida se sentem interessados nesse produto.

Veja o caso de “Nenhuma Mulher Vale Tanto”(The Iron Mistress/EUA,1952). Em sua exibição no passado formou filas diante das bilheterias e ninguém escreveu na época da estréia que o livro original de Paul Wellman tenha sido aproveitado com profundidade no roteiro de James R. Webb e muito menos na direção do prolífico Gordon Douglas.

Na época, esse diretor e o produtor Henry Blanke respondiam pelo espetáculo lucrativo e de orçamento moderado que lhe dava e pedia a Warner Bros. Lembro que eles realizaram, em 1956, “O Semeador de Felicidade”(Sincerily Yours) o único filme que o pianista Liberace representava um papel estelar. Em Belém foi um grande sucesso. Mas, internacionalmente, foi um fracasso. O norte-americano Gordon Douglas poucas vezes entusiasmou os críticos e uma dessas vezes foi com a ficção - cientifica “O Mundo em Perigo”(Them!/1952) uma das muitas histórias sobre os efeitos colaterais das explosões nucleares em Nevada.

Em “Nenhuma Mulher...”Alan Ladd protagoniza Jim Bowie, uma figura lendária dos EUA. Rapaz pobre dos pântanos da Louisiana vai para New Orleans tentar vender a madeira produzida pelos irmãos agregados à mãe. Na cidade grande encontra a sedutora Judalon de Bornay (Virgina Mayo) por quem se apaixona. Mas a jovem ambiciona posição social em primeiro plano e isso conduz a uma série de encontros violentos onde morrem nada menos que 8 pessoas. O título original do filme, “A Amante de Ferro” deriva da faca que Bowie manda confeccionar com o material de um meteoro. A tradução brasileira segue a frase que ele diz a Judalon no final: “Nenhuma mulher vale a vida de 8 homens”. Melodrama que exibe péssimas interpretações.

Quanto a “A Nave da Revolta”(The Caine Moutiny/1955) tem outro tom. O veterano Stanley Kramer produziu, Edward Dmitryk dirigiu embora o final deixe a impressão de que houve interferência de censura e o julgamento de marinheiros que se revoltaram contra um comandante paranóico ganhe um apêndice de precipitação dos acusados e uma ressalva dos valores nacionais. Mesmo assim, é admirável o protagonismo de Humphrey Bogart (que foi candidato ao Oscar e perdeu- mas foi aplaudido pelos próprios colegas durante a filmagem) e a sequencia do julgamento em si quando o tenente Steve Marik (Van Johnson) deve provar em júri, com auxilio do advogado interpretado por José Ferrer, que o seu superior estava com sintomas emocionais alterados no momento de tomar decisões durante uma borrasca em alto mar, colocando em perigo a vida de toda a tripulação. No caso, a testemunha capital do escritor, tenente Thomas Keefer(Fred McMuray) acovarda-se e quase põe tudo a perder.

Um bom filme que na sua estréia chamou a atenção de todos (críticos e espectadores). Interessante é que o diretor foi alvo do “macarthismo” tendo se refugiado na Inglaterra durante algum tempo para não ser preso.Essas pérolas de filmes antigos estão circulando em DVD, nas locadoras, como a FOXVIDEO (Belém).

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