domingo, 21 de novembro de 2010

JACKASS 3 D





No cinema, vêm dos primórdios da comédia visual, o desastre para quem atua
e a correspondente gargalhada para quem vê. Era assim que os Guardas Keystone
(Keystone Cops) caiam de ribanceiras nas comédias curtas do produtor Mack
Sennett e assim que Carlitos (Charles Chaplin) se atirava no que pensava ser um
lago e saía capengando ao saber que aquilo era uma rasa poça d’agua. Também
desastrados hilariantes eram Stan Laurell (O Magro) e Oliver Hardy (O Gordo),
comediantes que se firmaram com as situações desastradas que, via de regra, Stan
armava para “Ollie”.

Em “Jackass 3D”, O grupo comandado por Johnny Knoxville inspira-se na graça
advinda de acidentes mirabolantes (sem juntar sequências, esquetes
independentes, sem tema de ligação). Ele, Bam Margera, Steve O, Chris Pontius,
Jason Acuña, Ryan Dunn, Preston Lacy e Dave England armam entre si as situações
mais bizarras possíveis com o fito de divertirem se divertindo. Eles participam
do processo de construção dos eventos e, também, se incluem entre os “sujeitos
passivos”das fórmulas engendradas. Todos se batem nas muitas “pegadinhas” em que a grande vitima é, via de regra, o corpo humano.

E a turma vem executando esse tipo de comédia há muitos anos, desde sua presença na TV passando ao menos em dois filmes de longa-metragem para cinema (só um foi exibido no Brasil: “Jack Ass, Cara de Pau-O Filme”, 2002).


A denominação do grupo já indica uma irreverência obscena no jogo de
palavras a julgar no trocadilho original. Este “Jack Ass 3D” (EUA/2010) é o mais
ambicioso projeto de Knoxvillen e do diretor Jeff Tremaine, com produção de
Derek Freda e roteiro de Preston Lacy. Também está na produção o cineasta Spike
Jonze de “Quero ser John Malkovich”.


No prólogo eles já indicam que as peripécias mostradas não devem ser
imitadas e não usam dublês (stuntmen). É difícil acreditar que isto não seja a
primeira anetoda. Mesmo porque, no final, o filme exibe créditos que consomem
perto de dez minutos na tela. É um exercito de técnicos & colaboradores que
ajudaram numa coleção de esquetes que no olhar da platéia parece um simples
registro de desastrosas situações.


O roteiro, que na verdade é um mínimo de ordem na apresentação dos números
humorísticos, faz questão de deixar a idéia de que tudo é improviso. Tanto que
há um momento em que a câmera é atingida por uma explosão de fezes e vômito que
parte de um personagem escolhido para “vitima”. E o nome do diretor sempre é
chamado como um “maluco maior” na história.


O público ri de cenas como encher um balão com gases intestinais, colocar
uma maçã no anus de um deles para ser saboreada por um porco, fazer-se de
invisível (usando roupa que se confunda com um quadro na parede) para iludir um
touro, ou momentos ainda mais inusitados como um obeso entrar numa loja,
solicitar a uma pessoa que está na porta que segure a coleira de seu cachorro.
Não demora e sai da loja um anão, que pede o cachorro de volta diante do olhar
perplexo de quem fizera o favor.


Os rapazes riem o tempo todo do que fazem uns para os outros. Mesmo sabendo
que as coisas “doem” como um deles ser surpreendido por um bando de cobras e/ou
quando um precisa fazer uma radiografia para ver se não ficou um objeto estranho
em seu organismo.


O efeito tridimensional ajuda nas situações. Para um público que sabe que
não vai ver comédia tradicional é uma diversão. Mas sempre deixa a pergunta:
quem se diverte mais: quem vê ou quem produz as “gags” ?


A turma jovem que já assitiu ao seriado sem dúvida vai se divertir ao
máximo com a coleção de gags. Aos mais velhos e conhecedores dos padrões
diferentes do apresentado, talvez não cause tanta diversão, mas impacto do
mostrado. O cinema inova e se renova na mostração narrativa dos que acreditam em
outra forma de criação.



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