terça-feira, 29 de junho de 2010

DIRIGINDO NO ESCURO






Segundo filme de Woody Allen a tratar de cinema (o primeiro foi “A Rosa Púrpura do Cairo”) “Hollywood Ending”ou “Dirigindo no Escuro” (EUA, 2002) será exibido logo mais no CC Pedro Veriano. O filme trata de um diretor preterido pela maioria dos grandes estúdios devido ao fracasso financeiro de seus últimos trabalhos, e que é contratado para realizar um filme de grande orçamento, por intercessão de sua ex-mulher diante do produtor, o atual marido. Aborrecido porque ele acha que o contratante é o homem que lhe roubou a esposa, o cineasta aceita a tarefa, mas em dado momento do trabalho fica inexplicavelmente cego. É obvio que se trata de um problema de estresse, mas o que interessa é o resultado disso: mesmo sem a visão das coisas continua no trabalho de direção do filme e encerra-o no tempo previsto. O resultado, como seria de esperar, é constrangedor. Mas se isso representa um fracasso industrial e comercial em termos de EUA acaba sendo louvado pela critica francesa que o qualifica como obra-prima.
O roteiro e argumento do próprio Allen ganham dois endereços certos: o sistema de produção cinematográfico norte-americano e a critica internacional, especialmente a da França (afinal onde Woody Allen sempre recebeu loas dos franceses).
Pode-se achar uma realização apressada e pobre em relação a outros trabalhos do autor (e Allen é dos poucos diretores de cinema, em Hollywood, a merecer este adjetivo). Mas é inegável que no processo lúdico de divertir na crítica tecida, o filme diz bem o que quer.
Sabe-se que os norte-americanos, de um modo geral, não são muito entusiastas da obra de Woody Allen. Seus trabalhos só são produzidos devido a, entre outros fatores, ter um baixo custo. Mesmo assim, recentemente uma de suas produtoras deixou o cargo. Havia um rombo nas finanças por conta dos seguidos insucessos no mercado interno. Isso não incomodou Allen, que passou a filmar na Europa (Inglaterra, Espanha) com sucesso. E pode ser que “Dirigindo no Escuro” já fosse uma resposta aos que não confiavam no que ele fazia.
Sempre inteligente, o cineasta usa diálogos mordazes, chegando a citar nomes, como aprovando quando sabe que um dos roteiros que lhe era destinado foi dado a Peter Bogdanovich (“Ótimo, gosto muito dele”). Há momentos de impacto cômico como o close do produtor (Treat Williams) constatando a confusão que ficou a narrativa desconexa do filme que ele está financiando. Mas quem leva a maior parte das palmas é Allen interpretando a si próprio (ou o diretor contratado) nos momentos de tensão por desconhecer o que está filmando.
“Dirigindo no Escuro” está programado como parte da série “Cinema Sobre Cinema” que a ACCPA programa para o Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem). A exibição deve ocorrer hoje as 18h, mas é bom o leitor consultar os programadores.

A HORA DO VAMPIRO

Somente no dia 30 acontece a estréia internacional de “Eclipse” (Twilight Saga: Eclipse/EUA,2010) o filme com base na tetralogia escrita por Stephenie Meyer cuja pré-estréia deu-se a semana passada em LA. Os/as fãs do personagem interpretado por Robert Pattinson estão atentos. Quero aproveitar a oportunidade para citar um filme com esse ator que assisti nestes dias no cinema doméstico, embora tenha sido exibido no cinema comercial: “Lembranças”(Remember Me/EUA,2010). Foi surpreendente. Pattison protagoniza Tyler Hawkins, um jovem com a aparência física e psíquica do falecido James Dean. Revoltado com procedimentos do pai que vive para a sua empresa, separado da mãe e causa o suicídio do irmão, luta para ser reconhecido, assim como assistindo a irmã menor. Conhecendo Ally (Emilie de Ravin), filha de um policial (Chris Cooper)que um dia o prendeu agressivamente numa briga de rua, seduz a garota para vingar-se. Ela, por sua vez, guarda o trauma do assassinato da mãe, ao seu lado quando criança. E é superprotegida pelo pai. Os conflitos familiares crescem com a narrativa bem trabalhada por Allen Coulter. O final é um choque. E o filme consegue driblar estereótipos e dizer sobre um tema delicado. Vale conhecer, agora, em DVD.

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