domingo, 20 de junho de 2010

PLANO B




Sabe-se que os melhores faturamentos dos produtores norte-americanos atualmente ficam entre os “blockbusters” com os efeitos especiais sendo as grandes estrelas (e agora ajudados na projeção com o recurso da 3D) e as comédias românticas. É dessa última opção o atual “Plano B” (The Back-Up Plan/EUA/2010) que a atriz e cantora Jennifer Lopez interpretou e atuou sem deixar crédito na produção, filme dirigido pelo TV-Man Alan Poul, produtor e nome ligado a shows com várias indicações para o premio Emmy.

O roteiro de Kate Ângelo (com o cine-currículo acusando somente os trabalhos na TV) trata de Zoe (Lopez), mulher independente que apesar de muitos casos românticos resolve ter um filho através de inseminação artificial, entrando no esquema da “produção independente”. Ao sair do consultório médico onde comprara e injetara sêmen congelado de um anônimo, encontra Stan (Alex O’Loughlin), um rapaz dono de uma barraca que vende queijos em feira livre, herdeiro de uma fazenda aonde cria cabras e de onde tira a matéria prima do produto que vende. O encontro se dá quando ela pede um táxi, em dia chuvoso, e ao entrar no carro surpreende-se com a presença ao mesmo tempo do então desconhecido. Este fato dá margem a outros onde a coincidência às vezes é forçada pela vontade dele objetivando conhecê-la. O relacionamento ganha intimidade, mas Zoe é eticamente forçada a confessar que fez inseminação e está grávida. Stan, por sua vez, não é muito amigo de crianças. Não pretende ser pai. E daí começa uma situação conflituosa entre o casal enquanto dois nenês aguardam nascer, segundo exames feitos pela mãe.

Jennifer Lopez estava de fora do elenco de filmes desde 2006 (exceto em programas de televisão). Muito prestigiada na área musical, seu desempenho entre outros campos da arte deu-lhe 13 prêmios entre cinema, TV e música popular, além de 29 candidaturas (onde se acham algumas “framboezas”, ou seja, os títulos de pior intérprete. A sua volta ao cinema deu-se após o nascimento de gêmeos, fruto de seu 3º casamento (com o ator-cantor Marc Anthony). Certamente o argumento do filme a impressionou por deixar-lhe um gosto de biografia. E ela apresenta bom desempenho como a futura mãe que acaba arranjando, sem planejar (daí o titulo original do filme) um pai para os seus primogênitos. Da mesma forma, seu par romântico Alex O’Loughlin dá conta do tipo que encarna. Isso é muito num enredo que mais parece uma anedota e numa narrativa sem brilho, com o roteiro preocupando-se apenas com as briguinhas de um casal que se experimenta numa vida a dois. Mas sem tentar conhecer a fundo as suas personas.

Claro que o filme tem o objetivo de ser leve, digestivo, dedicado a quem aplaude o gênero. Pessoalmente não achei que ele desmerecesse essa ótica. É o que quis ser. E quem vai ao cinema para ver as situações arranjadas pela mãe independente que se despede do cetro, deve dar as suas risadas. Há bons momentos cômicos, por exemplo, no enfoque sobre uma Associação para apoio de Mães Solteiras que Zoe freqüenta. A sequencia em que uma das “associadas” está parindo o seu bebê em condições naturais, acocorada numa banheira d’água sendo acompanhada pelas colegas (inclusive de Zoe) é, de fato, hilária. Ainda mais que Stan resolve estar presente e esse episódio, aumentando mais o seu “terror” em ser pai.

Jennifer Lopez está na casa dos 61 anos e mantêm uma postura jovem invejável. Não tenho informação sobre sua performance no ramo da música, mas possui, atualmente 3 filmes em preparação para lançamento. De mãe latina, nasceu, contudo, no Brooklin (NY) e o pai é norte-americano. Possivelmente vai aproveitar a alta estima do tipo de comédia a que se filia este “Plano B”.
Um toque desse filme, ressalvado as devidas proporções, é sobre a situação atual dos direitos reprodutivos, um tema que circula no meio científico e sobre a saúde das mulheres e que sugere outro formato de família. Tema para debate, sem dúvida.

Cotação: (**) Razoável.

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