quarta-feira, 22 de maio de 2013

GILDA




Rita Hayworth em "Gilda". Exibição no domingo, 26/06, 16h, no Olympia.

Para “vender” o filme "Gilda", o cartaz exibia um slogan que ficou famoso: “Nunca houve mulher igual a Gilda” (There never was a woman like Gilda). Era o estudio da Columbia Pictures comercializando o seu produto, “Gilda” (EUA, 1946). Mais ou menos nesse mesmo tom, diz o noticiário, foi a forma de publicidade que cercou a realização de “Casablanca”, em 1942, com o roteiro desse filme chegando ao set de forma fragmentada, e os atores somente tendo conhecimento do que iam representar na hora da filmagem. Nesse caso, é possivel pensar em truques para estimular a influência de “Casablanca”. Mas sem dúvida, o sucesso dessa produção da Warner, dirigida por Michael Curtiz, com Humphrey Bogart, Ingrid Berman e Paul Henreid estimulou outros estúdios da época, que se arvoravam num modo mais barato de fazer filme, extremamente populares.
Sob contrato da Columbia, em 1945, a atriz Margarita Carmen Casino foi chamada de Rita Hayworth. Era morena nesse tempo, mas tingiu os cabelos de louro e passou a evidenciar uma forma mais sensual em filmes como: “A Tentadora”(Rebellion, 1936), “Rainha de Louisiana”(Old Luisiana, 1937), e “Soberanos da Sela”(Hit the Seddle, 1937). No momento em que aceitou representar Gilda Mundson Farrel (o nome completo da personagem), Rita já era a atriz preferida de Harry Cohn, o big shot do estúdio, sendo escalada para papéis variados , no caso, como dançarina e cantora nos musicais: “Bonita Como Nunca”(You Were Never Lovely, 1942) onde contracenou com Fred Astaire, e “Modelos” (Cover Girl, 1943) fazendo par com Gene Kelly. “Gilda” seria a confirmação de Rita no musical, num contexto dramático. O argumento do filme, dirigido por Charles Vidor, coloca a ação na Argentina do imediato pós-guerra (e cabe aí o fato do neutralismo do país que serviu de abrigo a nazistas que fugiram quando a Alemanha perdia o conflito), sendo Rita a esposa do contraventor alemão Ballin Mudson (George Macready), mas cobiçada pelo jogador e ex-amigo deste, John Farrell (Glenn Ford). A genealogia latina da atriz serviu para o tipo e a música, assim como a coreografia deram chance à construção do mito. Ficou na memória dos admiradores a figura de Gilda cantando “Put the Blame on Mame”(de Doris Fisher e Alan Roberts ), dublada pela cantora Anita Elklis, assim como a canção “Amado Mio” (dos mesmos autores). Esta coreografia, aliás, mostrando uma forma de strip-tease (Gilda tirava as luvas sensualmente), mexeu forte com a censura da época, o conhecido Código Hays.
“Gilda” foi considerado, com muita razão, filme do gênero “noir”, pela excelente composição fotográfica de um dos maiores criadores dessa arte, o austriaco Rudolph Maté (1898-1964), vai estar neste domingo em exibição na Sessão Cinemateca do Cine Olympia, como uma homenagem a Antonio Silva, gerente e distribuidor da Columbia Pictures no nordeste e norte brasileiros, em mais de 50 anos, iniciando-se nessa atividade justamente fazendo a divulgação do lançamento desse filme. O amigo Silva, como era conhecido dos cinéfilos da época, faleceu no inicio deste mês em Recife, onde sempre morou. Nas atividades do então Cine Clube APCC e ao surgirem os Cinemas 1, 2 e 3, a presença dele era fundamental para abrigar as demandas dos cinemas do Norte, como sempre excluidos da distribuição de grandes produções. Mas nesse tempo “seu” Siilva já era um veterano. E a mim e ao Pedro Veriano contou partes de sua vida de combatente na 2ª. Guerra Mundial, de como enveredou pelo mercado cinematográfico, de como trabalhou na região inclusive vendendo (era como se chamava a distribuição) os famosos seriados, gênero que a Columbia cultivava com sucesso popular. Ficou nosso amigo a ponto de nos hospedar em sua  casa quando fomos a Recife, em 1974, tratar do I Festival do Cinema Brasileiro de Belém.
Preste a completar 90 anos, Antonio Silva ganhou um exemplar do livro sobre a história do cinema Olympia. Fez questão de tirar uma foto segurando esse livro. Ali estava um pouco da historia que viveu. Um apaixonado pelo cinema, conhecedor profundo das regras de um mercado especifico.

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