Cena de "Uma ladra sem limites", comédia que não faz mal a ninguém.
Melissa
McCarthy, a atriz “gordinha” que salvou “Minha Madrinha de Casamento” (Bridesmaid/2011)
por seu desempenho, tendo sido candidata ao Oscar em 2012 (mas aparece indicada
em outros centros de premiação como o BAFTA, por ex.), tem uma oportunidade
impar, neste “Uma Ladra sem Limites”(Identity Thief/EUA,2013) que fez grande
sucesso no seu país de origem ganhando o primeiro lugar no “box office” em
semana de estreia norte-americana e canadense. A crítica foi quase unanime em
atacar o trabalho do diretor Seth Gordon e, mais ainda, o do roteirista Craig
Mazin conhecido por “Se Beber Não Case”(2009). A ênfase foi para referir-se ao
filme como um “road movie” apegado ao “déja vu”com algum contato com a trilogia
“Se Beber...”. Mas não é bem assim. Claro que a história (de Jerry Eeten) é
extremamente fantasiosa, apesar de clonagem de cartões se constituir em uma
situação muito frequente em várias nações (inclusive no Brasil). Mas a presença
de Melissa McCarthy, ´no papel central segura as pontas como uma ladra esperta
que não só rouba quem mora longe de sua cidade, como é perseguida por outras
“vitimas”, estas ligadas a gangues sanguinárias.
Em resumo,
a trama segue o jovem executivo Sandy (Jason Betman), bem sucedido no emprego,
mas que certo dia percebe, ao colocar combustível em seu carro, que o seu
cartão de crédito havia sido clonado e que o roubo de suas economias pode gerar
a perda de uma promoção no emprego que lhe daria a vice-presidência de uma nova
firma que estava sendo criada pelos colegas, insatisfeitos com o tratamento
recebido onde trabalhavam. Sandy consegue saber que usaram seu cartão em Miami
e como ele morava em Denver a policia local afirma que não pode interferir em
outro estado onde a competência parte ao departamento policial especifico. Em
vista disso, e desesperado por já ter anunciado a promoção à mulher e a suas
duas filhas, ele ruma para a Florida atrás da ladra. O filme repousa em dois
tempos: o encontro de Sandy com a meliante (Melissa McCarthy) e a longa viagem
de carro que eles são obrigados a fazer, pois se ela também se chama Sandy
(nome usado para ambos os sexos), eles não podem viajar de avião com uma só
identidade.
Mais de
uma hora das quase duas que o filme gasta na tela é dedicada à viagem dos dois
Sandy. E no desenrolar na trama vão emergindo identificações sobre ela que diz chamar-se
Diana, mas aos poucos, novas revelações surgem mostrando que ela sequer sabe
seu verdadeiro nome. Sua história dramática é contada em certo momento
afirmando que foi criada em um orfanato, pois fora abandonada pelos pais numa
delegacia. Esta característica e muitas outras humanizam o tipo, que na verdade
é delineado para criar empatia e afinar o aspecto hilário. E a linha de comédia,
infelizmente, é curta, ficando em primeiro plano o suspense da jornada pelas
estradas sob a insistente perseguição de um casal de bandidos somado a um
ancião também metido na caça a criminosos e que é visto sempre de mau humor e
armado.
Há
momentos grotescos como a relação sexual de Diana com um vaqueiro idoso numa
pousada em meio caminho de Denver . O roteiro perde mais tempo tentando cativar
a persoagem de Melissa, e quando ela encontra a família de Sandy a ideia de um
“happy end” aparece mesmo contra todas as hipóteses.
Naturalmente
a ladra vai presa e a sua vitima ganha a confiança de seu patrão e da policia
de seu estado. Mas o filme não termina assim. Deixa mostras do que vai
acontecer um ano depois dos acontecimentos básicos e não só abre a identidade
de Diana se chamar Dwan como instiga a idéia do público de que ela terá chance
de se recuperar nas atividades do presídio. Na última sequencia, entretanto, há
um timing para mostrar que ela não vai perder com facilidade a característica
de “valentona”. Tudo no figurino de comédia americana. Com boa vontade dá para
divertir.
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