"Homem de Ferro" vem ai mais uma vez.
Lançado como o fim de uma
trilogia “Homem de Ferro 3”(Iron Man 3, EUA, 2013) é possivel que realmente
assuma essa triste sina a que foi submetido, mas seguramente não é o fim das
aventuras cinematográficas do tipo criado pelos desenhistas da Marvel: Stan
Lee, Don Heck, Larry Lieber e Jack Kirby. O sucesso do filme dirigido por Shane
Black, este roteirista de “Máquina Mortífera 3” (1992) e “O Último Grande
Herói” (1993) que deu lucro de US$285,00 até agora só no mercado norte-americano,
implica numa quarta aventura já
anunciada.
A Marvel Entertainment foi
adquirida em 2009 pela The Walt Disney Company. Isto pode dizer maior orçamento
dos filmes. E em termos de produção este novo “Homem de Ferro” contribui com o
show que os ardorosos admiradores esperam desse super-herói. Curioso me pareceu
como a vestimenta é usada pelo arquiteto do super-herói, o milionário Tony
Stark (Robert Downey Jr): as peças vão chegando ao corpo do personagem,
impulsionadas digitalmente e ganhando força a ponto de arremessar o modelo para
trás (especialmente quando o capacete é lançado). Um dos triunfos desta
terceira parte das aventuras cinematográficas do Homem de Ferro é a guinada
para a comédia. Não podia ser de outra forma. Como se explicaria em um realismo
mesmo de quadrinhos a namorada Pepper(Gwynett Paltrox)ressurgir de um abismo
infernal mudando a expressão diabólica que surge nela como em outros tipos do
epilogo (especialmente do vilão vivido por Guy Pearce)? E aquele amiguinho do tipo
que surge de capa sem que tenha tido tempo de mudar de roupa e mesmo assim
aparece impecavelmente seco depois de uma enxurrada causada pela queda de um
tanque cheio d’água?
Cômico é o recurso para
apresentar o verdadeiro bandido da trama. Fala-se no Mandarim (Ben Kingsley),
mas o que parece ser um seu aluno Aldrich Killian (Pearce) surge como o
verdadeiro malvado e que vem de um passado quando foram rejeitadas por Stark,
suas invenções. Em certo momento, o Homem de Ferro corta o braço dessa figura.
Mas não demora e ele vai estar articulando muito bem esse braço novo. Sabe-se
que ele é um ativo inventor que se traveste de uma espécie de bruxo capaz de
tocar fogo em água, mas a rearticulação do braço provoca o riso. A rigor,
Killian (ou o matador, na tradução do termo kill) é uma espécie de agente do
Mandarim, um ator em baixa, e não interessa muito o seu objetivo na luta contra
os homens de bem. É o arquétipo do terrorista, ou seja, o tipo que hoje assusta
a plateia ocidental (antes poderia estar investido de um espião nazista,
comunista, ou até um ET, veja-se a sucessão temporal do ideário).
Pouca historia une as constantes
vestimentas de Satrk e as outras armaduras que ele possui em sua oficina e que
são convocadas para o embate final. Há um herói, há um vilão e há muita ação no
confronto entre eles. A fórmula é tão antiga como o cinema. Espectadores da
época da “cena muda” já sabiam disso e ir assistir a “uma fita” (como eram
chamados os filmes da época), em uma sala de rua, consistia na diversão suprema
para os amantes desses tipos, sabendo que o defensor do bem teria chance de vencer o defensor do mal
mesmo que o último apelasse para um arsenal de perigos que um simples mortal
pereceria sem muito esforço.
Quem está se divertindo com “Homem
de Ferro 3” sabe que é quadrinho filmado. No tempo em que o gênero ganhava as
telas grandes, os produtores desconfiavam do produto e o exploravam em séries
de orçamento barato. As crianças e adolescentes que na época não tinham a
televisão, expandiam seu interesse em assistir a esses tipos que então assumiam
o movimento nas telas antes somente desenhadas nas revistas. Só depois que essa
geração cresceu e a tecnologia abriu espaço para uma caixa de mágicas em telona
é que se encontraram imagens e consumidores. Hoje assiste no cinema o “Homem de
Ferro”, recebe o trailler do “Homem de Aço”, faltando ainda “O Homem de
Madeira”... Há uma nova geração “no
pedaço” que não passou pelas transformações inventivas das nossas cabeças
quando tinhamos apenas as revistinhas desenhadas. Fases da cultura do
entretenimento e das novas tecnologias.
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